O Livro do Zohar, VaYera [O Senhor Apareceu], Itens 157-158.
Qualquer coisa que as pessoas precisam se espalha naturalmente no mundo. Mas quando diz respeito a O Zohar e a Cabala, as coisas não são tão directas assim.
A divulgação dos escritos da Cabala foi acompanhada por histórias intrigantes. O Livro do Zohar atravessou muitas dificuldades, e somente uma pequena porção do manuscrito original permanece sobra hoje. Os escritos do Ari [Rav Isaac Luria, autor de A Árvore da Vida], foram desenterrados de sua sepultura somente três gerações após seu falecimento. Certamente, há uma integração especial do revelado e o oculto, e dolorosas dores de parto quando diz respeito a expandir a sabedoria da Cabala.
Baal HaSulam fez grandes esforços para publicar sua interpretação sobre O Zohar, o comentário Sulam [Escada], e escreveu tanto quanto 20 horas por dia. Quando ele adormecia na sua secretária, era difícil puxar a pena da sua mão pois seus dedos estavam presos à sua volta.
Por falta de fundos para imprimir os manuscritos, ele teve de esperar até conseguir achar os recursos. E assim que os achou, ele ordenou as principais letras na máquina impressora sozinho, embora ele já fosse doente e muito fraco. Todavia, volume após volume, sua obra de vida foi completada.
Ainda assim, as pessoas tinham medo de abrir O Zohar e preferiram permanecer afastadas dele. Tão cedo como 1933, Baal HaSulam começou a disseminar a sabedoria da Cabala num esforço de prevenir o holocausto que se aproximava. “Hora de Agir” foi o título do seu ensaio de abertura no primeiro tratado que ele imprimiu, a partir de cinquenta que ele havia planeado publicar. Contudo, sua obra foi cismada por certos círculos ortodoxos e dentro de umas poucas semanas eles conseguiram apreender a impressão dos tratados para prevenir a expansão da sabedoria.
Em 1940, Baal HaSulam publicou um jornal, A Nação, no qual ele evocava a nação Israelita a se unir. Seu desejo era estabelecer um jornal bi-semanal, mas a iniciativa jornalística, também foi impedida depois da publicação do primeiro número.
Nos anos 50, Baal HaSulam descreveu a situação com uma mistura de grande tristeza e esperanças pelo futuro:
Eu já transmiti os rudimentos de minha percepção em 1933. Eu também falei com os líderes da geração, mas nessa altura, minhas palavras não foram aceites, embora eu gritasse como um demónio, os alertando sobre a destruição do mundo. Assim, isso não fez impressão. Agora, contudo, depois das bombas atómica e de hidrogénio, penso que o mundo acreditará em mim que o fim do mundo vem rapidamente, e Israel serão a primeira nação a arder, como na guerra anterior. Logo, hoje é bom despertar o mundo para aceitar o único remédio, e eles viverão e existirão.
Baal HaSulam, “Escritos da Última Geração,” Parte 1, Secção 2
A pergunta que se levanta de tudo isto é “Porque é que tudo o que diz respeito à divulgação da sabedoria da Cabala acontece de maneira tão estranha e evoca tanta resistência?” Afinal, ela é uma sabedoria que discute a psicologia humana, nossa fabricação interna, valores familiares, educação e cultura, condutas da Natureza e a fundação da Criação. Não precisamos nós desta informação?
Qualquer que seja o caso, dentro de cada um de nós, há um sentimento especial, uma espécie de repulsa interna de O Livro do Zohar e a sabedoria da Cabala, que se origina na nossa própria natureza. O que separa a Cabala de qualquer outro ensinamento é o problema da correcção. A Cabala fala sobre como nos devemos corrigir a nós mesmos, mudar nossa atitude para nós mesmos e para os outros ao nosso redor, então só é natural que nossos egos estremam para com esse ditado.
Os sábios da Cabala certamente sabiam tudo isso, que é o porquê de eles terem escondido a sabedoria durante milénios até que o momento fosse certo e as pessoas precisassem realmente dela. Eles mesmos foram aqueles que agitaram o público para longe dela, declarando rigidas limitações para a estudar: dos 40 anos de idade para cima, somente homens, casados e somente depois de terem sido preenchidos com todas as outras partes da Torá. Os sábios também espalham rumores que a Cabala o pode fazer perder sua sanidade!
Em anteriores gerações, o desejo de descobrir o mundo espiritual ainda não despertou nos corações da maioria das pessoas, assim a sabedoria da Cabala foi mantida escondida. Contudo, se o desejo despertava em alguém, a sabedoria estava aberta para essa pessoa. O Ari [Isaac Luria], Chaim Vital, o Baal Shem Tov, o Gaon de Vilna, o Ramchal, Rabi Nachman de Breslev, e muitos outros estudaram e ensinaram a sabedoria da Cabala muito antes de eles terem alcançado os 40 anos de idade. Na nossa geração, este desejo está a despertar em milhões de pessoas pelo mundo inteiro, assim a sabedoria está a ser partilhada abertamente com o público.
Como mencionamos anteriormente, o processo de revelar e ocultar a sabedoria não é novo. Ele na realidade começou há mais de 5770 anos atrás. Foi então que o primeiro humano descobriu o mundo espiritual. Muitas gerações de humanos viveram antes do seu tempo, mas ele foi o primeiro em quem o desejo pelo que se encontra além das fronteiras deste mundo apareceu. Seu nome era Adam, das palavras Adame la Elyon[Eu serei como o mais alto] [1], e ele foi o primeiro Cabalista, a primeira pessoa a ascender em qualidades e descobrir a força superior.
Adam ha Rishon [O Primeiro Homem] foi o primeiro a receber uma sequência de conhecimento suficiente pelo qual compreender e com sucesso maximizar tudo o que ele viu e alcançou com seus olhos. E esta compreensão é chamada “a sabedoria da verdade.”
Baal HaSulam, “O Ensinamento da Cabala e Sua Essência”
No dia em que Adam começou a descobrir a força superior é chamado "o dia da criação do mundo." Nesse dia, a humanidade tocou pela primeira vez no mundo espiritual. É por isso que a existência de Adam é o ponto da qual a contagem Hebraica dos anos começa.
De acordo com o plano da Natureza, a humanidade inteira descobrirá a força superior dentro de 6000 anos[2]. Durante esses anos, o ego humano cresce gradualmente e trás a humanidade à realização de que ele tem de ser corrigido, bem como à habilidade de compreender o método de correcção e o implementar.
O primeiro livro de Cabala, Anjo Raziel — ou seja a "força oculta," a força da Natureza, que nos governa mas está escondida de nós — é atribuído a Adam. De acordo com a Cabala, anjos não são entidades celestiais com asas, mas forças que agem na Natureza.
Adam não se apressou para anunciar suas descobertas ao mundo. Durante dez gerações, o conhecimento foi silenciosamente transmitido de Cabalista para Cabalista até à geração de Noach. Daí em diante ela foi transmitida mais dez gerações até à geração de Abraão.
Durante as vinte gerações que haviam passado entre Adam e Abraão, as condições haviam mudado. No tempo de Abraão, a humanidade estava centrada na Babilónia e vivia como uma grande família, como está escrito, “E a terra inteira era de uma língua e uma fala” [3]. As pessoas sentiam-se umas às outras, viviam em harmonia entre si mesmas e com a Natureza, até à primeira explosão substancial do ego ter ocorrido. Na Bíblia, ela é descrita como a história da torre de Babel:
Nimrod disse para seu povo, “Vamos construir para nós uma grande cidade e habitar dentro dela, caso contrário nos tornaremos espalhados pela terra como os primeiros, e vamos construir uma grande torre dentro dela, subindo para os céus ... e façamos para nós um grande nome na terra...”
Eles construíram-a alta ... aqueles que trariam os tijolos para cima vinham do seu lado oriental, e aqueles que desciam, viriam do seu lado ocidental. E se uma pessoa caísse e morresse, eles não se importariam com ele. Mas se um tijolo caísse, eles se sentariam e chorariam e diriam, “Quando subirá outro no seu lugar.”
Capítulos de Rabi Eliezar, Capítulo 24
A torre de Babel simboliza a torre do egoísmo humano. Nimrod, que conduz a construção da torre, simboliza o desejo de rebelar, de desobedecer à lei abrangente do equilíbrio e doação da Natureza.
Porque ele desejou compreender o que estava a acontecer ao seu povo, Abraão começou a olhar para a natureza da Criação. Ele descobriu que o salto no egoísmo não era coincidente, mas um movimento pré-ordenado no plano de desenvolvimento da Natureza. Abraão descobriu que o ego não se intensificava para separar as pessoas mas para as unir num nível superior e descobrirem a força superior que estava a causar esta mudança. Ele tentou prevenir a destruição e explicar ao povo como subir acima do ódio e separação.
Abraão, filho de Térach, foi e os viu construindo a cidade e a torre ... mas eles desprezavam suas palavras ... Eles desejavam falar a língua uns dos outros mas eles não sabiam a língua uns dos outros. O que fizeram eles? Cada um deles pegou na sua espada e lutou com o outro até à morte. Certamente, metade do mundo lá morreu pela espada.
Capítulo de Rabi Eliezar, Capítulo 24
Todavia, Abraão não desistiu. Ele continuou a circular a sabedoria que ele havia descoberto com toda a sua força porque ele sabia que entre seus contemporâneos haviam pessoas que eram já maduras para o desenvolvimento. É assim que Maimónides o descreve:
Aos quarenta anos de idade, Abraão veio a conhecer seu Fazedor. ...Ele clamava, vagueando de cidade em cidade e de reino em reino ... Finalmente, dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e eles eram o povo da casa de Abraão. ...Isto continuou e se expandiu nos filhos de Jacob e aqueles que os acompanhavam, e uma nação que conhece o Senhor foi feita no mundo.
Maimónides, Mishné Torá (Repetição da Torá), Regras de Idolatria, Capítulo 1, 11-16
O Livro da Criação, atribuído a Abraão, explica o sistema que governa a realidade. O livro fala não só de uma única força abrangente, mas sobre seu sistema inteiro e subsistemas, sobre forças principais e secundárias através das quais essa força singular nos afecta.
O Livro da Criação descreve os 34 caminhos para afectar o todo da realidade — como estes sistemas funcionam, e como eles cascateiam em hierarquia de grau em grau até que eles nos alcancem e nos operem.
Abraão e sua esposa, Sara, fizeram grandes esforços para explicar e circular esta nova informação. Eles reuniram ao seu redor pessoas que sentiam como eles — que esta vida nos foi dada somente para que durante ela, alcancemos uma dimensão de existência superior. Ao assim fazer, podemos alcançar a espiritualidade e completude e existir para sempre no "grau humano," semelhante à força superior.
Para aqueles que ainda não estavam prontos para percepcionar a sabedoria da Cabala, Abraão deu "presentes," como está escrito, “Mas aos filhos de suas concubinas, Abraão deu presentes, e os enviou ... para a terra do oriente” [4]. Esses presentes são as bases de todos os sistemas de crença que as pessoas seguiriam durante milénios até que elas amadurecessem e crescessem.
O grupo de Cabalistas, sucessores de Abraão, usaram o método de correcção que aprendeu dele durante várias gerações até que outra explosão de egoísmo tomou lugar. Então, uma necessidade surgiu para divulgar o método de correcção num nível superior, sobre o novo ego. Esse novo método foi dado ao grupo de Cabalistas por Moisés, o grande Cabalista que viveu nesse tempo. Moisés os conduziu ao êxodo do exílio no Egipto — fora da dominação do novo ego — e os ensinou como existir "como um homem com um coração" (RASHI, Êxodo, Capítulo 19), como partes de um único organismo.
Devido a seu tamanho, o grupo agora foi chamado "um povo." Seu nome, "Israel," aponta para o desejo dentro deles de alcançar Yashar El [direito a Deus], directamente à força superior, através da realização da Sua qualidade de amor e doação.
O método de correcção é chamado "a Torá," e é uma adaptação do método de Abraão à geração de Moisés. A Torá não é um livro de história ou um livro de ética, como ele é frequentemente tratado hoje. Em vez disso, ele é um método, um guia, um manual para corrigir o ego.
“Torá” [5] vem da palavra Horaá [instrução] e Ohr [luz]. A Cabala usa o termo "luz" de duas maneiras:
1) como uma força que corrige uma pessoa, como está escrito, "A Luz nela o reforma” [6].
2) como o prazer que preenche uma pessoa que corrigiu o ego.
O grupo de Cabalistas continuou a evoluir, corrigindo todos os desejos egoístas que apareceram neles usando o método de Moisés. A luz que eles receberam nos desejos corrigidos era chamado "A Casa de Santidade" [O Templo]. Isto é, seus desejos corrigidos formaram "uma casa" preenchida de "santidade" — a qualidade de amor e doação.
Crianças nasceram e foram criadas pelo método de correcção e alcançaram realização espiritual, também, a educação da nação era uma espiritual, e não havia uma criança que não soubesse as leis espirituais.
Eles verificaram de Dan a Beer Sheva ... e não encontraram um menino bebé ou uma menina bebé, um homem ou uma mulher que não fossem proficientes nas leis de impureza e pureza.
Talmude Bavli, Sanhedrin 97b
A sabedoria da Cabala explica o termo, Tuma’á [impureza], refere-se ao egoísmo numa pessoa, e o termo, Tahará [pureza], refere-se ao poder de amor e doação. Assim, o povo vivia na sensação da força superior, em conexão e amor fraterno até que o ego saltou uma vez mais para um novo grau, causando a perda dessa sensação. O acto de separação da força superior é chamado "a ruína do Templo," e a dominação do novo ego foi chamada "o exílio da Babilónia.”
O retorno do exílio na Babilónia e a construção do Segundo Templo simbolizaram a correcção do ego que causou a ruína do Primeiro Templo. Desta vez, contudo, a nação estava dividida em dois. Alguns tinham sucesso em corrigir o ego, mas outros cuja intensidade de egoísmo era maior não. Gradualmente o ego foi intensificado até entre aqueles que conseguiam corrigi-lo, eventualmente causando a nação inteira a perder sua habilidade de sentir a força superior.
Assim, todos foram para uma ocultação da espiritualidade. A dominação do ego desta vez foi chamada "a ruína do Segundo Templo," e este foi o princípio do último exílio.
A ruína da qualidade de amor e doação, e a erupção do ódio sem fundamento, vez o povo inteiro perder a sensação da força superior. Todavia, o que na realidade aconteceu a Israel nessa ruína foi uma queda do amor fraterno para o ódio sem fundamento. De uma vida de harmonia e sentir o mundo superior, Israel declinou para a mais estreita e mais túrbida sensação na realidade, inversamente conhecida como "este mundo."
Deste então, durante praticamente 2000 anos, Israel tem vivido num estado de total esquecimento do facto de que há algo de longe melhor.
E todavia, em cada geração, houveram alguns Cabalistas escolhidos que continuaram a sentir o Criador. Em esconderijo, longe o olho público, que estava inconsciente do seu envolvimento, os Cabalistas continuaram a desenvolver o método de correcção da natureza humana corresponder ao egoísmo crescente da humanidade. Seu papel era preparar o método para o tempo em que o todo da humanidade precisaria dele — o nosso tempo.
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Durante a história, a sabedoria da Cabala alcançou além de simplesmente o povo de Israel. Pensadores de ao redor do mundo sempre vieram estudar com os Cabalistas. No seu ensaio, "A Sabedoria da Cabala e Filosofia," Baal HaSulam explica que a filosofia foi originada em contacto entre estudantes dos profetas e os primeiros filósofos. Os filósofos pegaram nos fragmentos dos conceitos da Cabala, e sem se corrigirem a si mesmos desenvolveram teorias a partir deles.
Johannes Reuchlin (1455-1522), um humanista Alemão, conselheiro político ao Chanceler, e um perito em línguas antigas, era afiliado dos chefes da Academia Platónica. No seu livro, De Arte Cabbalistica, ele descreve o processo que acabámos de descrever:
“Meu professor, Pitágoras, que é o pai da filosofia, não recebeu desses ensinamentos dos Gregos. Em vez disso, ele os recebeu dos Judeus. ...E ele foi o primeiro a converter o nome ‘Cabala,’ desconhecido aos Gregos, para o nome 'filosofia.'”
A filosofia de “Pitágoras’ emanou do mar infinito da Cabala.”
“A Cabala não nos deixa passar nossas vidas no chão, mas ao invés levanta nosso intelecto à mais elevada meta do entendimento.” [7]
Regressemos a essas pessoas que não conseguiam percepcionar a noção de Abraão na antiga Babilónia. Quando elas abandonaram Babel, elas espalharam-se pelo globo como setenta nações e se desenvolveram materialmente.
Sozinhos, eles nunca seriam capazes de percepcionar a noção do espiritual. Todavia, se eles não o conseguiam perceber, isso contradiria o propósito da Criação: de trazer todas as pessoas ao nível do Criador. Assim, o ponto de contacto entre Israel e o resto das nações tinha de ser recriado.
Esse processo revelou-se ao intensificar o ego dentro de Israel, após o qual o povo declinou do seu grau e se espalhou entre as nações. A ideia era misturar as almas de Israel com as almas das nações do mundo, de "semear" sementes de espiritualidade dentro das outras nações.
Como foi isto feito? O povo de Israel afundou-se no egoísmo e corporalidade semelhante às outras nações, então agora houve um terreno comum entre eles. Contudo, devemos manter em mente que dentro das almas de Israel, a semente espiritual já havia sido semeada. Enquanto elas estavam em exílio, Israel evitou se assimilar fisicamente com as outras nações; todavia internamente, a mistura realmente ocorreu.
Assim, o resultado espiritual foi concretizado e centelhas das almas de Israel agora permeiam as nações, as permitindo se juntar a Israel no processo da correcção geral. No total, Israel experimentaram quatro exílios nos quais tal mistura entre Israel e as outras nações ocorreu.
Antes da saída do último exílio, no século 2 da E.C., O Livro do Zohar foi escrito por Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi) e seu grupo de estudantes. Ele foi escrito em Aramaico e contém descrições de todos os estados que a humanidade está destinada a experimentar até ao fim da correcção geral.
Embora O Zohar tenha sido escrito antes da partida de Israel para o exílio, O Zohar afirma que o livro será descoberto somente no fim do exílio espiritual e na realidade, facilitará o seu termino. Ele tambéma firma que perto do final do período de 6000 anos da correcção da natureza humana, o livro será revelado à humanidade inteira: “Nessa altura, ele será revelado a todos.” [8]
Imediatamente após sua conclusão, O Livro do Zohar foi escondido. No século 16, alguns 1400 anos mais tarde, o Ari apareceu em Safed [9]. O Ari usou uma abordagem cientifica, sistemática para detalhar o método de correcção que O Zohar apresenta através de intimações e alegorias. Os escritos do Ari incluem descrições do mundo superior, e explicam como um deve entrar nesse reino da realidade.
Contudo, porque durante o tempo do ari o ego não havia sido revelado na sua completa intensidade, muito poucos conseguiam compreender suas palavras. Um ego mais desenvolvido gera uma percepção mais afiada, e houveram poucos tais egos nessa altura.
Depois do Ari, os Cabalistas desejaram que a sabedoria da Cabala fosse conhecida, como é evidente nas suas palavras:
A sabedoria da Cabala torna um tolo sábio. Também, aquele que não viu a luz desta sabedoria nunca viu luzes na sua vida, pois então ele compreenderá e aprenderá o sentido da Sua singularidade, abençoado seja Ele, e o sentido da Sua governação ...e todos os que se retiram dela, se retiram da vida eterna espiritual.
Rav Isaiah Ben Avraham HeLevi Horowitz (o Sagrado Shlah), “Primeiro Artigo,” par. 30
Redenção depende principalmente do estudo da Cabala.
O Gaon, Rabi Eliyahu de Vilna (GRA) [10]
Rabi Shimon Bar-Yochai tanto chorou sobre isso, e ele evocou sobre aqueles que se envolvem na Torá literal que eles estão adormecidos ...Certamente, este é o fruto do exílio, que Israel esqueceram este caminho e permaneceram adormecidos, imersos no seu sono, não prestando atenção a isso... E nós aqui estamos no escuro, como os mortos, verdadeiramente como cegos tacteando o muro. É indigno dos rectos trilhar este caminho, mas pelo contrário de abrir olhos cegos.
Rav Moshé Chaim Luzzato (Ramchal) [11]
O estudo de O Livro do Zohar é mais elevado que qualquer outro estudo.
Rabi Yosef David Azulai, HaChida [12]
A linguagem de O Zohar é boa para a alma ... jovens e velhos lá estão, cada um de acordo com o seu entendimento e a raiz da sua alma.
Rav Tzvi Hirsh Ben Yaakov Horowitz, Condutas Rectas, Item 5
Todavia, apesar do anseio destes grandes Cabalistas circularem a sabedoria da Cabala, eles tiveram de ser discretos, de revelar, todavia de ocultar. A geração não estava totalmente madura. Somente hoje estão as pessoas a gradualmente começar a se livrarem a si mesmas dos estigmas e perceber que a Cabala não é misticismo, magia, encantamentos, curas mágicas, ou bênçãos para uma boa vida neste mundo.
O vazio e a diferença que apareceu na nossa geração para a vida corpórea e os anseios de algo novo e preenchedor nos trouxeram ao ponto em que finalmente somos capazes de compreender o valor da Cabala. Aqui reside o método que eleva um a outro nível de existência — o nível da força superior. A maturidade prova que nossas almas foram despertas, que elas alcançaram um nível inteiramente novo de desenvolvimento. Este grau permite, ou melhor o colocando,necessita a revelação da sabedoria da Cabala ao mundo inteiro.
Se examinamos as questões da perspectiva do programa de desenvolvimento da Natureza, o fim próximo do tempo da correcção trouxe o egoísmo humano ao seu grau final. A humanidade chegou a uma crise abrangente existencial e impasse. A partir deste estado, a necessidade de um método para corrigir o ego torna-se clara, e muitas pessoas desejam perceber o que no passado foi percebido somente por uns poucos.
Esta é a razão pela qual o método de correcção está a ser exposto hoje na totalidade. Baal HaSulam interpretou O Livro do Zohar e os escritos do Ari para que cada um de nós se pudesse conectar a eles. Foi por isso que ele disse, "Estou alegre por ter nascido em tal uma geração em que é permitido publicitar a sabedoria da verdade. E caso você pergunte, 'Como seu eu que é permitido?' Eu responderei que me foi dada permissão para divulgar” [13]. E também, "Eu ter sido recompensado com a maneira de divulgar a sabedoria é devido à minha geração.” [14]
Estamos numa geração que se encontra no próprio limiar da redenção, se ao menos soubermos como espalhar a sabedoria do oculto para as massas. ... E a disseminação da sabedoria nas massas é chamado "um Shofar" [chifre especial]. Como o Shofar, cuja voz viaja uma grande distância, o eco da sabedoria se espalhará por todo o mundo.
Baal HaSulam "O Shofar do Messias"
É importante recordar que a nação Judaica não foi formada sobre uma base racial ou nacional. Os judeus hoje são encarnações das mesmas almas que se reuniram ao redor de Abraão na antiga Babilónia para realizar a ideia espiritual de "Ama teu amigo como a ti mesmo," que conduz à descoberta do Criador.
Os Cabalistas explicam que inicialmente, o método de correcção foi oferecido a toda a nação, pois "O propósito da Criação repousa nos ombros do todo da raça humana, pretos, brancos ou amarelos, sem qualquer diferença essencial” (Baal HaSulam, “A Arvut” [Garantia Mútua], Item 23). Contudo, nessa altura, nenhuma única nação estava disposta a aceitá-lo porque a humanidade ainda não precisava dele. Foi por isso que o método foi dado ao povo de Israel, “Pelo qual as centelhas de pureza brilhassem sobre o todo da raça humana pelo mundo ... a tamanha medida que eles consigam compreender a agradabilidade e tranquilidade que se encontram em ... amor aos outros” (“A Arvut” [Garantia Mútua], Item 24).
Os Judeus devem começar a reutilizar a sabedoria da Cabala para mudar do ódio sem fundamento para o amor fraterno, regressar a suas raízes espirituais, e trazerem a luz para o mundo — para serem “uma luz para as nações.” [15]
Com isso, os dois caminhos que dividiram destinos na antiga Babilónia — o povo de Israel e o resto da humanidade — se juntarão e o pensamento da Criação será complementado: todas as criações se unirão com a força superior, o poder do amor e doação.
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Agora os dias estão próximos em que todos saberão e reconhecerão que a salvação de Israel e a salvação do mundo inteiro dependem somente da aparição da sabedoria da Luz oculta da interioridade dos segredos da Torá numa linguagem clara.
Rav Raiah Kook, Cartas 1, Item 92
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O estudo de O Zohar e a sabedoria da Cabala conectam pessoas de todo o globo, independentemente da raça, sexo, nacionalidade ou religião. Esta sabedoria atravessa mentalidades, personalidade, idade e diferenças socioeconómicas. De todo o mundo, dezenas de milhares de pessoas se reunem todos os anos em lugares diferentes do mundo para convenções de estudo de Cabala. Praticamente não há um país no mundo sem um representante. Nestas convenções, todos se conectam com amor fraterno pelo propósito de descobrir o Criador, provando defacto a verdade nas palavras dos profetas e os Cabalistas de todas as gerações.
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Quando os Filhos de Israel [aqueles que aspiram a Yashar El (directamente a Deus)] forem complementados com o conhecimento completo, as fontes de inteligência e conhecimento fluirão ... e regarão todas as nações do mundo.
Baal HaSulam, “Introdução a o Livro Panim Meirot uMasbirot,” Item 4
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A ALEGORIA SOBRE O REI E A RAINHA
Em todos os exílios de Israel, Ele definiu um tempo e um fim para todos eles. E em todos eles, Israel regressam ao Criador, e a virgem de Israel, Malchut, retorna a seu lugar no tempo definido. Mas agora, no último exílio, não é assim. Ela não retornará como nos outros exílios. O versículo ensina, “Ela caiu; ela não se levantará novamente — a virgem de Israel,” e lá não diz, “Ela caiu e Eu não a levantarei novamente.”
É como um rei que estava zangado com a rainha e a expulsou do seu palácio durante um certo período de tempo. Quando esse tempo passasse, a rainha imediatamente viria e regressaria perante o rei. Isto assim foi uma vez, duas, e três. Mas da última vez, ela tornou-se afastada do palácio do rei e o rei a expulsou do seu palácio durante um longo tempo. O rei disse, “Esta vez não é como as outras vezes, quando ela veio perante mim. Ao invés, Eu e minha casa irão e a procurarão.”
Quando ele a alcançou, ele viu que ela estava deitada na poeira. Quem viu a glória da rainha nessa altura, e os pedidos do rei dela? Finalmente, o rei a segurou nos seus braços, a levantou, e a trouxe para seu palácio. E ele jurou para ela que ele nunca partiria dela novamente e nunca estaria longe dela.
Isso é semelhante com o Criador: cada vez que a assembleia de Israel estiveram em exílio, ela viria e retornaria perante o Rei. Mas agora, neste exílio, não é assim. Ao invés, o Criador a segurará pela mão e a levantará, a apaziguará, e a trará para Seu palácio.
Zohar para Todos, VaYikrá [O Senhor Chamou], Itens 78-81
Em todos os anteriores exílios, Israel desejaram sair do exílio e retornar à sua terra nativa. Eles desejavam retornar ao grau espiritual que era mantido enquanto ainda em exílio. Hoje, contudo, tudo está pronto para a redenção, todavia Israel não têm desejo de subir.
Porque assim é? No último exílio, houve tamanho intenso egoísmo em Israel que eles nem tinham uma maneira nem uma vontade de sair dele. Como a rainha, Israel agora reside na poeira, imersos em corporalidade como se hipnotizados, vivendo como zombies. Na verdade, o mundo está cheio de luz. Se Israel ao menos abrissem seus olhos um pouco, eles e o mundo a descobririam. Mas por agora, poeira preenche seus olhos.
No sentido espiritual, a palavra "exílio" é um estado avançado, um momento antes da redenção, quando um sente que tudo o que é necessário é a revelação da força superior. Este sentimento pode ser geralmente descrito como tal: "Eu posso ter tudo no sentido corpóreo, mas sinto que tudo é inútil, que sou completamente insatisfeito. Porquê? Não faço ideia mas é o que sinto. Eu tenho um lar, faço uma boa vida, posso me dar ao luxo de viajar, de me divertir, tenho amigos, todavia algo falta.”
Em gerações anteriores, as pessoas viveram de longe pior que nós vivemos. Comparadas com elas, nossas são vidas de Reis, todavia são insípidas. O vazio experimentado hoje está a conduzir-nos a descobrir o que reside por trás do versículo, “Provai e vede que o Senhor é bom,” que os Cabalistas nos oferecem como o remédio.
Nós devemos descobrir a força superior que nos cria, que nos leva através deste processo, e que agora nos está a puxar de volta para ele através da pergunta, "Para que estou eu a viver?" Esta pergunta é verdadeiramente como uma maçaneta. Se abrirmos essa porta descobriremos os céus.
Na verdade, o Rei já veio até à Rainha, O Livro do Zohar já foi revelado, o Rei está aqui e Ele já deseja levantar a Rainha da poeira. Tudo o que é agora necessário é ganhar a atenção da Rainha.
[1] Isaías, 14:14
[2] “O mundo existe durante seis mil anos.” Talmude Babilónio, Sanhedrin 97a
[5] “Torá significa a luz que está vestida na Torá. Isto é, o que nossos sábios disseram, ‘Eu criei a inclinação do mal; Eu criei o tempero da Torá,' refere-se à luz nela, dado que a luz na Torá o reforma” (Baal HaSulam, Shamati [Eu Escutei], Artigo Nº 6). “A Torá e o único tempero para anular e subjugar a inclinação do mal” (Baal HaSulam, “O Ensinamento da Cabala e Sua Essência). “a Torá é Luz Simples que se expande de Sua Essência, cuja sublimidade é interminável” (Baal HaSulam, “Introdução a A Boca de um Sábio”). “A palavra ‘Torá’ vem da palavra Horaá [instrução]” (Baal HaSulam, Carta Nº 11).
[6] Baseado em Midrash Rabá, Eichá Rabá, Introdução, Parágrafo 2
[7] Johannes Reuchlin, De Arte Cabbalistica
[9] Uma cidade na Galileia superior, Israel, conhecida pelos Cabalistas que viveram nela no tempo do Ari.
[10] O Gaon, Rabi Eliyahu de Vilna (GRA), Even Shlemá [Um Perfeito e Justo Peso], Parte 11, 3
[11] Rav Moshe Chaim Luzzato (Ramchal), Shaarey Ramchal [Portões do Ramchal], “O Debate,” par. 97
[12] Rabi Shalom Sharabi, (O Rashash), Luz do Rashash, par. 159
[13] Baal HaSulam, “O Ensinamento da Cabala e Sua Essência”
[14] Baal HaSulam, “O Ensinamento da Cabala e Sua Essência”
[15] “Eu sou o Senhor, Eu Vos evoquei em rectidão, e Eu Vos segurarei pela mão e olharei por Vós, e Eu Vos nomearei como uma aliança para o povo, como uma luz para as nações” (Isaías, 42:6).