Artigo nº 37, 1984-85
Está escrito em O Zohar, Shoftim [juízes] ( e no
Comentário Sulam p 8, Item 11), “É uma Mitsvá
[mandamento/ boa acção] testemunhar em tribunal para que o seu amigo não
perca dinheiro por ele não estar a testemunhar. É por isso que os autores do Mishná
disseram, “ Quem testemunha por uma pessoa? As paredes da sua casa.
“O que significa
“As paredes da sua casa”? Estas são as paredes do seu coração, como está escrito,
“Então Ezequias voltou a face para a parede.” Ao autores do Mishná afirmaram que isto mostra que Ezequias orou das paredes do seu coração.
Além disso, a sua casa testemunha por ele. A sua casa são os seus 248 órgãos,
uma vez que o corpo é chamado “casa”.
“Isto é o que os
autores do Mishná afirmaram: Num ímpio, as suas
iniquidades estão gravadas nos seus ossos. De igual forma num justo – os
seus méritos estão gravados nos seus ossos.” É esta a razão porque David disse,
“Todos os meus ossos dirão.” Mas porque razão as iniquidades estão mais
gravadas nos ossos que na carne, tendões e pele? É porque os ossos são brancos,
e uma grafia a preto é visível somente a
partir do branco. É como a Torá, que é
branco por dentro, significando o
pergaminho, e preto por fora
significando a tinta. Preto e branco são escuridão e luz. E além disso, o corpo está destinado a elevar-se nos ossos, assim os pecados e méritos estão
gravados nos seus ossos. Se for recompensado, o corpo elevar-se-á nos ossos. Se não for recompensado, não se elevará
e não haverá uma ressurreição dos mortos “ Daí
as suas palavras.
Deveríamos
compreender porque
O Zohar interpreta que uma pessoa deveria testemunhar perante um
tribunal para que o seu amigo não perca dinheiro. Isto é interpretado na obra
do Criador. Assim, deveríamos compreender o que se está a pedir, e de quem se
está a pedi-lo. E para o tornar
credível, uma pessoa deve testemunhar.
Na obra do Criador, uma pessoa pede ao Criador para lhe dar o
que quer do Criador. Assim, para mostrar que o seu argumento é verdadeiro,
não sabe o Criador se uma pessoa está ou
não a dizer a verdade? Contudo, se o
homem testemunha, então ele sabe que o seu argumento é verdadeiro. Além disso,
como pode alguém ser credível para testemunhar por ele? E também deveríamos
compreender porque o testemunho deve ser das paredes do seu coração, uma vez
que traz evidência ao significado de “paredes do seu coração de Ezequias
nas palavras, “Então Ezequias voltou a
sua face para a parede” que interpretámos como
“as paredes do seu coração.” Assim o testemunho duma pessoa deveria
também ser das paredes do seu coração. Contudo, sabe-se que um testemunho deve
ser da sua boca, como os nossos sábios disseram, “Das suas bocas, não das suas
escritas,” e aqui diz que deveria ser das paredes do seu coração e não da boca.
Deveríamos também
compreender porque diz, “ Isto é o que os autores do Mishná afirmaram: Um
ímpio, as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos. E da mesma forma, um
justo – os seus méritos estão gravados nos seus ossos.”
Mas estão pecados e méritos gravados nos ossos físicos?
Como está uma matéria espiritual, que é
pecados e Mitsvot,gravada nos ossos? E é ainda mais difícil compreender a sua
resposta, “Isto é porque os ossos são brancos, e uma escrita negra é visível
somente a partir do branco.”
Também,
deveríamos compreender porque ele diz, “E além disso, o corpo está destinado a
elevar-se nos seus ossos “ Porque razão especialmente, “Nos seus ossos,” que
significa que ser ou não ressuscitado
depende dos seus ossos?
Para compreender
o acima exposto na obra, devemos
lembrarmo-nos da conhecida regra que “Não há luz sem um Kli [vaso],” significando que é impossível receber qualquer
preenchimento se não houver nenhum buraco ou deficiência ali, onde o
preenchimento possa entrar. Por exemplo, uma pessoa não consegue comer uma
refeição se não estiver com fome. Além disso, a quantidade de prazer que a
pessoa pode obter da refeição é medida pela quantidade de desejo que tem pela
refeição.
Sendo assim onde
não se sente qualquer carência, não experimentará qualquer prazer, que será capaz
de receber, por não haver espaço para receber qualquer preenchimento. Assim,
quando falamos da sequência do trabalho, quando uma pessoa começa a entrar no
trabalho, querendo isto dizer quando deseja fazer o trabalho de santidade com o desejo de doar contentamento
ao seu Autor, de acordo com a regra acima, deve sentir necessidade por isso
–sentir que necessita doar ao Criador. E podemos dizer que tem um Kli
na grandeza da sua necessidade de doar ao Criador. E o preenchimento
desse Kli dá-se enquanto ele dá ao
Criador, significando quando ele deseja levar contentamento até Ele. Isto
significa que o corpo já concorda em doar ao Criador.
E uma vez que o
homem nasceu com uma natureza para receber e não para doar, se alguém deseja
empenhar-se em doar certamente que o corpo resistirá. E se uma pessoa quer
empenhar-se em doar, significando que deseja obter tal kli, e um Kli significa
um desejo e deficiência, então o corpo vem imediatamente e pergunta “Por que é que queres mudar a natureza em que
foste criado? Qual é a carência que sentes e que te está a faltar? Tens a
certeza absoluta que compreendes que precisas trabalhar para doação? Olha como
a maioria faz o trabalho espiritual; são rigorosos sobre o que fazem. Por
outras palavras, no seu empenhamento na Torá ou Mitsvot, vêem em primeiro lugar que o acto será correcto, com todas
a sua exactidão e detalhes, mas não a intenção. Eles dizes, “ Certamente
fazemos o que podemos.” Não prestam nenhuma atenção à intenção porque dizem que
o trabalho Lishma [pelo Seu nome]
pertence a poucos escolhidos, e não a todos.”
Segue-se
que o corpo, que vem e faz as suas perguntas, está provavelmente a perguntar
sobre o tópico. E uma vez que não é dada uma resposta suficiente, não permite
que a pessoa tenha pensamentos para desejar doar , porque está certo, não há
luz sem um Kli. Por outras palavras,
“Se não sentires necessidade de te empenhares em doar, para que estás a fazer
tal alarido?” Assim primeiro diz-lhe, “dá-me esta precisão, o desejo de doar, e
então falaremos.” Mas de acordo com o acima dito, a necessidade do desejo deve
estar presente, significando que deveria sofrer por não ser capaz de doar.
Assim, uma vez que não tem nenhum Kli, certamente
não lhe pode ser concedida a luz,
o que significa o preenchimento.
Por isso, uma
pessoa deveria experimentar ter uma grande deficiência porque é incapaz de doar
ao Criador. E é sabido que uma deficiência é determinada pela sensação de
sofrimento que sente devido a essa deficiência. Por outro lado, ainda que não
tenha aquilo por que pede, ainda não é considerado uma deficiência porque uma
verdadeira carência é medida pela dor que sente por não ter. De oura forma, não é nada senão palavras ocas.
Agora podemos
compreender o que os nossos sábios disseram (Taanit, 2ª), ´“Para amar o Senhor teu Deus e para O servir com todo
o teu coração.´Qual é o trabalho do coração? É uma oração. Deveríamos
compreender a razão porque ampliaram a oração além do seu significado literal.
Geralmente, quando alguém quer que outra pessoa lhe dê algo, pede-lhe que o faça, verbalmente,
como está escrito, ´Para que Tu ouças a oração de todas as bocas.´ Então porque
dizem que uma oração é chamada ´o trabalho do coração´?”
Dissemos acima
que uma oração é chamada “uma deficiência,” e quer que a sua deficiência seja
preenchida. E contudo, não é sentida
nenhuma deficiência na boca duma pessoa; antes, todas as sensações do homem são
sentidas no coração. É por isso que se uma não sentir uma carência no seu
coração, o que profere da sua boca não tem qualquer valor, assim podíamos dizer
que ele necessita verdadeiramente do que está a pedir através da sua boca. É assim porque o preenchimento por
que está a pedir deveria entrar num lugar de carência , que é o coração. É por
isso que os nossos sábios disseram que uma oração deveria ser do fundo do coração, querendo isto dizer que
todo o coração sentirá a carência pela qual está a pedir.
Sabe-se que luz e
Kli são chamados “deficiência” e
“enchimento” [ou “preenchimento”]. Atribuímos
a luz, que é o preenchimento, ao
Criador, e o kli que é a carência, às
criaturas. Assim, uma pessoa deveria
preparar o Kli para que o Criador
derrame aí a abundância, ou não haverá espaço para a abundância. Por esta
razão, quando uma pessoa pede ajuda ao Criador para que possa desejar que os
seus actos sejam de doar, o corpo vem e pergunta-lhe, “Porque estás a fazer
esta oração? O que é que te falta sem ela?”
Por esta razão,
devemos estudar e examinar com cuidado os livros que discutem a necessidade do
trabalho de doação até que compreendamos e sintamos que se não tivermos este Kli , não poderemos entrar em Kedushá. Não deveríamos olhar para a
maioria, que diz que a coisa mais importante é o acto e aqui é para onde toda a
energia deveria ir, e que os actos de Mtzvot e firmar-se na Torá que fazemos é
suficiente para nós.
Em vez disso, ele
deve executar todos os actos da Torá e Mitsvot
para o trazer para o desejo de doação. Depois disso, quando alcançar completa
compreensão de quanto necessita empenhar-se para doar, e ao sentir dor e
sofrimento por não ter esta força, então considera-se que já tem algo por que orar
– pelo trabalho no coração – uma vez que o coração sente o que ele necessita.
Para tal oração
vem a resposta à oração. Isto quer dizer que lhe foi dada esta força de cima
para que ele possa almejar doar, porque então já tem a luz e o Kli. Contudo, o que podemos fazer se,
depois de todos os esforços que fez, ainda não sente a carência de não ser
capaz de doar como dor e sofrimento? A solução é pedir ao Criador para lhe dar
o Kli chamado, “Uma carência por não
sentir,” e que está inconsciente, sem qualquer dor por não ser capaz de doar.
Segue-se que se,
se pode lamentar e sentir dor por não
ter a deficiência, por não sentir quão longe está da Kedushá [santidade], que é absolutamente mundano e não compreende
que a vida que está a viver – querendo satisfazer as necessidades do corpo –
não é mais importante do que a de qualquer outro animal que vê, e se tomar
atenção para ver quanto se lhes assemelha com todas as suas aspirações, e que a
única diferença é a astúcia humana e a sua habilidade para explorar os outros
enquanto os animais não são suficientemente espertos para explorar os outros.
Algumas vezes,
mesmo que veja que está a estudar a Torá e a manter os Mittzvot, não consegue lembrar-se – enquanto guardando os Mitsvot ou enquanto estudando a Torá –
que deveria conseguir ligação com o Criador empenhando-se na Torá e Mitsvot. É como se fossem coisas
separadas para ele – a Torá e Mitsvot
são uma coisa, e o Criador é outra.
E se lamenta não
ter qualquer sensação de deficiência,
que é como os animais, a isto se
chama também “trabalho no coração”. É chamado, “uma oração”. Isto
significa que para esta deficiência, já tem um lugar no qual receber
preenchimento do Criador, para que lhe dê a sensação de deficiência, que é o Kli que o Criador enche com um preenchimento.
Agora podemos
compreender a pergunta, “porque razão é uma oração no coração e não na boca? É
porque uma oração é chamada “uma deficiência,” e não se pode dizer que ele
tenha uma deficiência na boca. Antes, a
deficiência é uma sensação no coração. Agora deveríamos explicar porque
perguntámos sobre a sua afirmação que os méritos e os pecados estão gravados nos
ossos, e pode ressuscitar dos ossos ou não. O
Zohar compara os ossos, que são brancos, à Torá, que é preta sobre o
branco, em que o preto é escuridão e o branco é luz.
Deveríamos
explicar o significado dos ossos serem brancos. Isto é a razão de tanto os
méritos como os pecados estarem escritos neles, uma vez que no que respeita ao
trabalho do Criador, deveria ser interpretado que uma pessoa que se empenha na
Torá e Mitsvot é chamada “um osso.” A
primeira parte da Torá e Mitsvot
é considerada branca, uma vez que algo
em que não existem deficiências é chamada “branco”.
E uma vez
que não há nada a acrescentar aos actos
que uma pessoa faz, porque está dito
sobre isso, “Tu não deves acrescentar nem subtrair, o seu empenhamento na Torá
é chamado “ossos”. São brancos porque os méritos e pecados duma pessoa estão
gravados neles. Contudo, se uma pessoa critica as suas acções – a razão pela
qual está a construir o seu alicerce (a razão que o impulsiona a empenhar-se na
Torá e Mitsvot, o seu objectivo
enquanto praticando as acções) – e tenta
ver se está verdadeiramente a praticar essas acções pelo Criador, para doar contentamento ao seu
Autor, então pode reconhecer a verdade: está dentro da natureza em que nasceu,
receber para receber,” e não quer empenhar-se na Torá e Mitsvot sem qualquer recompensa.
E a
verdadeira razão porque não pode sair da sua natureza é que não reconhece ser necessário, assim ter-se-ia que mudar a natureza que foi
impressa nele, que é chamada amor-próprio”,
e assumir o amor dos outros para alcançar o amor do Criador. Isto é
assim porque uma pessoa sente que lhe falta o amor dos que lhe estão próximo,
isto é a família amá-lo-á, e as pessoas
da sua cidade, etc. Mas o que ganhará em amar o Criador? Também, o que ganhará por amar os seus
amigos? Apesar de tudo, está sempre a considerar os lucros relativos ao amor
próprio. Assim como pode ele sair deste amor?
E se ele se
pergunta porque está a manter Torá e Mitsvot nos seus actos, e até é
meticuloso sobre todas os seus preceitos e detalhes, então responde a si
próprio que recebeu fé através da educação. Na educação, começas a guiar uma
pessoa a empenhar-se na Torá e Mitsvot
em Lo Lishma [não pelo Seu nome],
como Maimonides diz (fim de Hilchot Teshuva [Leis de Arrependimento]). Segue-se que chamou a si acreditar no
Criador, que ao servir no trabalho sagrado, e de volta será recompensado neste mundo e no seguinte.
É por isso que se
diz que o verdadeiro trabalho é
acreditar no Criador que nos deu Torá e Mitsvot
para manter, e através disso, alcançaremos equivalência de forma, chamada “Dvekut” [adesão] com o Criador.” Isto
quer dizer que se deveria abandonar o amor próprio e aceitar o amor de outros. E na medida em que deixa o
amor próprio, ele pode ser recompensado com fé plena. Por outro lado ele está
separado como está escrito no Comentário Sulam
(“Introdução ao Livro de Zohar,” p 138), “É lei que a criatura não pode receber
dano aparente dele, pois dado que a criatura O deveria perceber como fazendo mal
é uma falha na Sua glória, porque isso é
inapropriado para o Operador perfeito. Assim, quando alguém se sente mal, ao
ponto de haver negação em relação à Sua orientação sobre si e o Operador está escondido dele, este é o
maior castigo no mundo.”
Se uma pessoa se
observa e reconhece a verdade que a Torá e Mitsvot
deveriam ser pelo Criador, sente quão distante está da verdade, e o exame
detalhado leva-o à dor e sofrimento por seguir constantemente no caminho errado
de ser chamado um “servo do Criador.” Antes, todo o seu trabalho é para si
próprio, o que é chamado, “trabalhar para si”, que é o caminho de todos os
animais, mas impróprio para os humanos.
Segue que através
desses sofrimentos, recebe um Kli,
isto é uma deficiência. E uma vez que vê que é incapaz de deixar o amor próprio
por si próprio, pois não tem a força para ir contra a natureza, a solução é
pedir ao Criador que o ajude, como os nossos sábios disseram, “Aquele que vem
para ser purificado é ajudado.” Segue-se
que então tem espaço para preencher a deficiência, uma vez que não há
luz sem um Kli.
Isto levanta a
pergunta que fizemos antes: “O que se pode alguém fazer se, ainda que compreenda que vale a pena trabalhar para
doar, ainda não tem a dor e sofrimento
ao não ser capaz de ansiar para doar?
Nesse caso, ele deveria saber que isto não significa que não tenha plena fé no
Criador, somente que não pode almejar para doar. Ele deveria saber que lhe
falta plena fé, pois quando ele tiver plena fé no Criador, há uma lei natural
que o pequeno anula-se perante o grande. Assim, se tivesse verdadeiramente fé
plena na grandeza do Criador, seria naturalmente anulado perante o Criador, e
desejaria servi-Lo sem qualquer recompensa.
Segue-se que não
há nenhuma deficiência aqui, pois não pode sobrepor-se à natureza. Antes, há uma carência de fé plena
aqui, ainda que tenha fé. A evidência disso é que está a manter Torá e Mitsvot. Contudo, não é fé plena, como
deveria ser. Por outras palavras, a integridade
total é que eles acreditam na sua Sua magnificência, e se alguém deseja
saber se tem fé plena, pode observar quanto está disposto a trabalhar para doar
e quanto o corpo é anulado perante o Criador. Assim, uma incapacidade de uma
pessoa de trabalhar para doar é a deficiência,
mas há uma deficiência maior aqui – que
lhe falta fé plena - e esta é a principal.
Mas o que pode
fazer se, ainda que veja que lhe falta fé total, essa deficiência ainda não lhe
causa dor e sofrimento ao ser deficiente? A verdadeira razão é que ele está a olhar para a maioria, e vê
que são pessoas importantes de influencia e posição, e não é visível que lhes falte fé plena. Ao
falar com eles, dizem que isto é somente para alguns escolhidos, que é a sua
visão bem conhecida. Esta é a grande divisão, que se torna uma barreira para a
pessoa, impedindo o seu progresso no caminho certo.
Esta é a razão
porque precisamos dum meio ambiente,
significando um grupo de pessoas com a
intenção comum que devem alcançar fé plena. Isto é a única coisa que pode salvar uma pessoa da visão do colectivo. Nessa altura, cada um
dá força a todos os outros para ansiarem alcançar a fé total, que pode doar
satisfação ao Criador, e que essa será a sua única aspiração.
Contudo, isto não
conclui a solução de alcançar uma carência por fé plena. Antes, deve praticar
acções mais do que está habituado tanto em quantidade como qualidade. E o corpo
resistirá certamente a isso e pergunta, “ Como é que o dia de hoje é diferente
dos outros?” E responderá, “Estou a imaginar-me como um servo do Criador, como
serviria o Criador se tivesse fé plena. È por isso que quero servi-Lo da mesma
forma como se já tivesse sido
premiado com fé plena. “Isto cria nele uma deficiência e dor por não ter fé plena, uma vez que a
resistência do corpo causa nele uma necessidade de fé plena. Mas certamente que
isto é dito especificamente onde vai contra o corpo, em coação, quando trabalha
com o corpo não de acordo com a sua vontade.
Segue-se que
aquelas 2 acções, o seu trabalho acima do que está habituado, e a resistência
do corpo, originam que necessite de fé plena. Só então se forma um Kli para que depois a luz penetre nele,
visto que agora ele tem espaço para a oração no seu coração, isto é um local de
deficiência. E então o Criador, que ouve
uma oração, dá-lhe a luz da fé pela qual pode servir o Rei não para ser
premiado.
Agora
podemos compreender o que perguntámos sobre o significado dos méritos e pecados
serem gravados nos ossos físicos. “Ossos” referem-se ao cerne da questão
[“cerne da questão” é uma expressão idiomática em Hebraico], referindo-se à Torá
e Mitsvot que ele está a
manter. Recebemo-los para os conservar
em acção, e não há nada a acrescentar a isso, como está escrito, “Não deverás
nem acrescentar nem subtrair.”
E nestas acções,
os pecados e os méritos estão gravados,
querendo dizer que se ele quiser seguir pelo caminho da verdade e criticar as
suas acções – quer sejam com a intenção de doar ou não – e ele é um homem que
ama a verdade e não está interessado no que os outros fazem, mas quer saber se,
se está a empenhar na Torá e Mitsvot Lishma (pelo Seu nome) ou é
tudo para ele próprio, então compreende que está imerso em amor-próprio e não
pode sair dele por si próprio. Então chora para que o Criador o ajude e sair do
amor próprio e a ser premiado com o amor pelos outros e o amor pelo Criador, e
“O Senhor está próximo de todos os que clamam a Ele, a todos os que clamam a
Ele em verdade. “É por isso que é premiado com Dvekut [adesão] com o Criador.
Segue-se que
então, os méritos estão gravados nos seus ossos, isto é que a Torá e Mitsvot que são guardados são chamados
“branco,” uma vez que em termos de actos, tudo é branco, positivo, e não há
nada a acrescentar-lhes. Mas depois, ele examinou com cuidado e viu que o
objectivo não era correcto, e que havia escuridão neles porque estava separado
e não tinha Dvekút, chamada
“equivalência de forma,“ que fará tudo com o objectivo de doar. Em vez disso, é governado pelo amor próprio
Assim, ele tem
escuridão por cima do branco. que são os ossos brancos, como escrito nas
palavras de O Zohar. Isto significa
que ele vê que há escuridão na Torá e Mitsvot
que ele cumpria, que está separado da luz, uma vez que a luz quer doar,
enquanto ele faz tudo para receber e não pode fazer nada a não ser o que
respeita ao amor próprio.
Segue-se que os
seus ossos, que significa a Torá prática e Mitsvot,
são brancos. O que significa que não há qualquer deficiência no acto que
requeira quaisquer adições. Mas através
da crítica que põe neste branco,
ele vê que há escuridão ali. E se presta atenção em corrigi-la porque lhe causa
dor e sofrimento porque ele está na escuridão, e ora ao Criador para que o
ajude e o liberte do amor próprio, por isso é mais tarde premiado com a adesão
ao Criador.
A isto se chama,
“Um justo – os seus méritos estão gravados nos seus ossos,” significando que a
sua crítica dos seus ossos brancos fizeram com que fosse recompensado com a
ressurreição dos mortos, uma vez que “os ímpios nas suas vidas são chamados ´mortos,´”porque
estão separados da Vida das Vidas. Assim, quando são premiados em se apegar ao
Criador, é considerado que foram premiados com a ressurreição dos mortos.
Mas, “um ímpio,
as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos,” uma vez que um ímpio é
aquele que ainda está imerso em amor próprio, e um justo é chamado “bom” e “bom”
é chamado “doação,” como está escrito, “O meu coração transborda com uma coisa
boa: Eu digo, ´O meu trabalho é para o Rei.´”Por outras palavras, o que é uma
coisa boa? É quando se pode dizer, “O meu trabalho é para o Rei,” significando
que todas as suas acções são para o Criador e não por sua causa.
É por isto que,
“Aquele que tem bom olho será
abençoado.” Por esta razão, aquelas pessoas que têm a Torá e Mitsvot práticos que é considerado o
âmago, que a Torá e Mitsvot, foram dados pelo Criador para os salvarem, a isto se chama
“brancos”, porque as acções não tem
deficiências, como está escrito. “Não acrescentarás nem subtrairás.” É por isso que os seus ossos
são brancos
“As suas
iniquidades estão gravadas nos seus ossos,” que são brancos, porque não
criticou os seus actos, se são ou não para doar. Em vez disso acreditava na
maioria e como guardam Torá e Mitsvot. E eles dizem que trabalhar para
o Criador é trabalho que pertence a
poucos escolhidos, e que nem todos devem
assumir este caminho de se preocupar com o facto do seu trabalho ser com o
objectivo de doar.
A isto se chama
“a visão dos senhorios.” Mas “a visão da Torá” é diferente. Sabe-se que “a visão dos senhorios é oposta da visão da
Torá,” dado que a visão dos senhorios é
que, por uma pessoa se empenhar na Torá
e Mitsvot, as suas posses crescem e
expandem, porque se torna dono duma casa maior. Por outras palavras, tudo o que
faz é a favor do amor próprio.
Mas a visão da
Torá é como os nossos sábios disseram acerca do verso, “Quando um homem morre
numa barraca.” Eles disseram, “A Torá só existe naquele que morre por Ela.”
Isto significa que ele Se entrega à
morte, querendo dizer que é o amor próprio que entrega à morte. Assim, ele não
tem posses, porque não há qualquer senhorio a quem possamos relacionar posses,
dado que o seu único objectivo é doar, não para receber. Assim anula o seu ego.
Segue-se que “Um
ímpio, as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos” quer dizer que ele
não segue o caminho da Torá, uma vez que a Torá é chamada “preto sobre branco.”
O Zohar diz ser esta a razão dos seus
méritos estarem gravados nos seus ossos, “Dado que os ossos são brancos, e uma
grafia preta só é visível a partir do branco. “Como a Torá, que significa que
se há branco, o que quer dizer que ele
guarda Torá e Mitsvot, pode dizer-se
que ele é como a Torá, que tem preto sobre o branco. Então, está a tentar
alcançar Dvekut ou fica com os ossos
brancos e não escreve nada neles.
É por isso que é chamado “ímpio” por as suas iniquidades
estarem gravadas nos seus ossos. Mas aqueles que não têm nenhum branco neles,
que não têm prática na Torá e Mitsvot não pertencem ao discernimento dos “ímpios”.
Antes, pertencem ao discernimento dos animais, significando que são somente
bestas.
Rav Baruch Ashlag, Rabash