Artigo Nº 4, Tav-Shin-Mem-Tet, 1988/89
O Zohar, Noé (Item 148), interpreta o versículo, “Eis, Eu trago as águas do dilúvio sobre a terra." Estas são suas palavras: "Rabi Yehuda abriu: 'Estas são as águas de Merivá [Hebraico: rivalidade], em que os filhos de Israel rivalizaram.’ Ele questiona, 'Será que os filhos de Israel não rivalizaram com o Criador noutro lugar?' Ele responde, 'Estas são as águas da rivalidade, que deram poder e força ao acusador para se fortalecer porque há água doce e há água amarga, Kedushá [santidade] e o oposto da linha direita. Há água clara e há água turva, a Kedushá e o oposto da linha esquerda. Há a água da paz e a água da rivalidade, Kedushá e o oposto da linha média. Portanto, diz o versículo, 'Estas são as águas de Merivá, onde os filhos de Israel rivalizaram com o Criador,' indicando que isso é o oposto da linha média, pois eles propagaram sobre si mesmos aquilo que não deveriam ter propagado - o oposto, chamado 'águas da rivalidade', e foram corrompidos nisso, como está escrito, 'E Ele santificou neles.'"
Devemos entender o sentido dos três tipos de água, que ele diz corresponderem às três linhas. O que é isso no trabalho? O Zohar certamente fala de altos graus, onde há a questão dos três tipos de abundância que se manifestam de três maneiras, mas o que podemos nós aprender disto no trabalho?
Primeiro devemos saber o que são as "águas do dilúvio" no trabalho. Este dilúvio foi o sabotador que "obliterou toda a coisa viva." É sabido que quando uma pessoa começa o trabalho na doação, o corpo se queixa, "O que é este trabalho para ti?" "Que sentido há nele, que não queiras trabalhar para teu próprio benefício? uma vez que deves ver que vais desfrutar da vida e doar significa que não vais trabalhar para ti mesmo. Que benefício derivas tu de trabalhar para deleitar ao Criador observando Sua Torá e Mitsvot [mandamentos/boas acções], que Ele nos comandou através de Moisés? Vai Ele te recompensar pelo teu trabalho, que trabalhas na Torá e Mitsvot?”
“Para isto, dizes-me tu que queres trabalhar sem recompensa. Como é possível entender tal coisa como trabalhar sem recompensa? Isso não faz sentido! Nossa natureza inata é um desejo de receber deleite e prazer e se nos esforçamos por alguma coisa, isso deve ser porque estamos a receber deleite e prazer em retorno por nossos esforços. Portanto, isso é contra nossa natureza!" Isto é chamado o argumento de "O que".
Porém, há outro argumento pelo qual o corpo resiste à obra do Criador quando a pessoa diz para o corpo, "Nós devemos acreditar no Criador, que Ele é o supervisor que conduz o mundo como Bom e Benevolente." Nessa altura, o corpo vem até à pessoa e faz o argumento de Faraó, que disse, "Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz?" Ou seja, é difícil para ele acreditar no Criador. Ele diz que consegue trabalhar pelo bem do Criador, mas sob a condição: Se ele sentisse a grandeza do Criador, ele entenderia que é vantajoso trabalhar para Ele.
É como nós vemos na corporalidade: Se uma grande pessoa chegar e muitas pessoas determinam que ela é grande e o senso comum concorda com aqueles que dizem que ela é grande, então tal como na corporalidade, uma pessoa consegue trabalhar e servir ao grande. Claramente, se ela pudesse sentir a grandeza sobre o Criador também ela seria capaz de trabalhar e servir ao Criador. Todavia, nós não temos esta sensação em relação ao Criador. Em vez disso, como nós vemos a Shechiná [Divindade] está no exílio e não há sensação ou semelhante da grandeza do Criador. Portanto, como pode ele anular o seu benefício pessoal ante o benefício do Criador?
Quando esses dois - MI e MA [“Quem” e “O que” respectivamente] - se conectam, isso cria a combinação Mayim [em Hebraico]. Este é o sentido das palavras "as águas do dilúvio na terra," pelas quais eles morreram. Ou seja, toda a espiritualidade, que é chamada "vida," foi perdida devido a estas águas, que são as duas perguntas, "Quem" e "O que." O espírito da vida de Kedushá abandonou-os e eles ficaram mortos, como está escrito, "Os ímpios nas suas vidas são chamados 'mortos'". Isto é chamado "as águas do dilúvio" no trabalho. Por causa destas águas, eles morreram no trabalho e não puderam continuar o trabalho do Criador devido aos argumentos, "Quem" e "O que."
Este é o sentido do que está escrito no Zohar (Item 200): “Rabi Yosi disse, 'Ele viu o anjo da morte vindo com as águas do dilúvio e portanto foi para dentro da arca.'" Significa isto que o sabotador, que é o anjo da morte, está dentro dos argumentos, "Quem" e "O que."
A salvação da arca do dilúvio no trabalho significa que há a questão de acima da razão. Isto é considerado querer caminhar com os olhos fechados, ou seja apesar da razão e os sentidos não entenderem aquilo que dizem nossos sábios, elas assumem sobre si a fé nos sábios e dizem que devem assumir sobre si a fé nos sábios, como está escrito, "E eles acreditaram no Senhor e no Seu servo, Moisés." Sem fé, nada pode ser alcançado na espiritualidade.
Este discernimento é chamado Biná, que está coberta de Chasadim e é chamada "desejar misericórdia." Isto significa que ela não quer entender coisa alguma e diz sobre tudo que é certamente a Chésed [graciosidade/misericórdia] de Deus, que Ele faz com ela. Embora ela não veja as Chasadim [plural de Chésed] que o Criador faz com ela e com o mundo inteiro, ainda assim ela acredita que o Criador conduz o Seu mundo com Providência privada de benevolência, como está escrito, "E todos acreditam que Ele é bom para todos, o bom e benevolente para os bons e para os maus."
Isto são Chasadim cobertas, ou seja que embora ele não veja que são Chasadim, ainda assim ele acredita acima da razão e diz, "Eles têm olhos e não vêem." Isto é também chamado uma "arca," pois aquele que entra em Chasadim cobertas e aceita tudo acima da razão, nesse lugar não há controle para o Sitra Achra [outro lado]. Isto assim é porque todas as perguntas que o Sitra Achra faz conseguem controlar somente dentro da razão, mas acima da razão, esse território pertence a Kedushá, pois todas as perguntas são somente segundo a mente externa.
Inversamente, a mente interna vem depois da pessoa ter sido recompensada com a equivalência de forma. Nessa altura ela entende dentro da mente interna e vê que tudo aquilo que a mente externa pensou estava certo, assim que ela é recompensada com a mente interna, ela vê que tudo aquilo que a mente externa argumenta é falso, tal como escreveu Baal HaSulam num ensaio em Tav-Shin-Gimel [1942-43].
Respectivamente, "o sabotador estava dentro das águas do dilúvio e condena a pessoa à morte" significando que dentro da água, que é o "Quem" e "O que," significando que com estes argumentos, ele mata as pessoas. Este é o sentido daquilo que diz o Zohar, "Disse Rabi Yosi, 'Ele viu o anjo da morte vindo com as águas do dilúvio e portanto foi para dentro da arca.'"
Por outras palavras, ela viu que com estes argumentos ela perderia o seu espírito da vida. Nessa altura, ela entrou na qualidade de acima da razão, que é Biná, que deseja misericórdia, ou seja que ela quer somente doar e não receber uma única coisa. Em vez disso, ela fica feliz com sua parte e considera qualquer entendimento ou sensação sobre o trabalho do Criador que ela tenha como uma grande recompensa. Ela está também feliz com todos os argumentos que escutou de "Quem" e "O que" pois agora ela pode avançar acima da razão. Com isto ela é salva das águas do dilúvio.
Segundo o citado, nós podemos interpretar aquilo que diz o Zohar (Noé, Item 196), “A pessoa deve certamente se esconder a si mesma de modo a não ser vista pelo sabotador quando ele está no mundo, para que ele não olhe para ela, pois ele tem permissão para destruir todos aqueles que são vistos por ele.”
(E no Item 200) “Foi por isso que o Criador procurou cobrir Noé e escondê-lo da visão. E Noé veio para se esconder do olhar, das águas do dilúvio, pois a água o pressionava para a arca. Ele viu as águas do dilúvio e as temeu, assim ele chegou à arca."
Nós devemos entender como se pode dizer sobre um anjo sabotador que se Noé entrar na arca, o anjo não o consegue ver porque ele está na arca. Como podemos entender isto se o Criador aconselhou Noé a entrar na arca para que o anjo sabotador não o visse? Claramente, quando ele viu a arca, o que pensaria ele, que esta é uma arca vazia sem pessoas? Até se o sabotador fosse corporal, ele certamente quereria ver o que há na arca, tanto quanto o mais com um anjo, será que ele não vê o que está na arca? É isto possível?
No trabalho, devemos interpretar que o anjo sabotador vê essas pessoas que caminham dentro da razão. Com elas, ele consegue argumentar com os argumentos de "Quem" e "O que." Mas quando o Criador lhe disse para entrar em Biná, que é chamada "o mundo coberto," ou seja que ele está coberto dos externos, que são aqueles que andam com a mente externa, o sabotador os consegue ver porque eles têm uma linguagem comum, ou seja a externalidade.
Mas aqueles que andam acima da razão, que fazem tudo por causa da fé no Criador e através da fé nos sábios, que lhes dão orientação sobre como avançar e alcançar Dvekut [adesão] com o Criador, e serem recompensados com a mente interna, chamada "a mente da Torá," nesse lugar é considerado que o anjo sabotador não tem meios para ver porque sua visão é nos vasos de recepção.
Por esta razão, disseram nossos sábios, "Assim que é dada permissão ao sabotador, ele não distingue entre o bom e o mau." Nós interpretamos que isto significa que quando é dada permissão ao sabotador, até as pessoas que se engajam na recepção em prol de doar, que são consideradas boas, dado que elas se engajam na recepção, pode haver difamação vinda dele. Portanto, também eles, entram em Biná, que são vasos de doação, onde o Sitra Achra não tem garra. Isto é considerado que o anjo sabotador não é capaz de ver quem está na arca, uma vez que sua garra é somente nos vasos de recepção, onde ele consegue difamar e acusar.
Mas aquele que entra na arca, que é Biná, um vaso de doação, o Sitra Achra não os consegue ver. Ou seja, eles não têm uma linguagem comum que possibilite entender o que o Sitra Achra argumenta contra o trabalho.
Quando a pessoa percorre o caminho da doação, que é considerado acima da razão, fé, até ao ponto da fé o Sitra Achra pode argumentar com a pessoa. Mas assim que a pessoa entrou na arca da fé, acima da razão, o Sitra Achra permanece perto do portão da fé e não consegue continuar.
Isso é como está escrito no Estudo das Dez Sefirot (Parte 14), “Esta Biná ainda não é considerada desprovida de Rosh [cabeça] (ou seja plenitude) porque Biná não sofre de qualquer força de Tzimtzum [restrição].” Significa isto que Biná é considerada desejar misericórdia, que é um vaso de doação, ela não precisa de coisa alguma para si mesma e qualquer coisa que ela possa fazer acima da razão, ela sente que tem alguma coisa para dar. Isto é, Tzimtzum é chamado "carência" e a carência sempre vem pelo desejo de receber alguma da pessoa. Se ele precisa de receber e alguém interfere, ou seja que o dador diz, "Sim, eu dou-te, mas somente segundo as minhas condições. Se concordares com minhas condições, tu vais receber. Caso contrário, não recebes." Aqui há espaço para interferências.
Isto é, se o receptor for desadequado para ir ao encontro das condições que o dador requer então o dador é carente. Ou seja, as condições que o dador requer são chamadas "limitações e restrições" e o receptor nem sempre está disposto a ir ao encontro destas condições.
Mas se ele não quer receber coisa alguma do dador, ele não se importa que o dador queira dar somente segundo as restrições, dado que ele não tem compromissos com a doação do dador. Isto é chamado Biná, um vaso de doação. Ela quer dar e não receber coisa alguma.
Contudo, há grande profundidade aqui em Biná querer dar e não receber coisa alguma. Aqui, já há uma condição da parte do inferior, o dador. Isto é, o facto do inferior querer doar, o inferior diz, "Somente segundo a condição que eu Te apresentar, estou eu disposto a doar sobre Ti. Inversamente, não Te posso dar coisa alguma." Qual é a condição? "Eu quero ver se Tu és verdadeiramente importante. E não simplesmente importante, mas para que eu seja capaz de Te dar tudo e nada deixar para mim, mas observar 'com todo teu coração e com toda tua alma,' eu Te posso dar isto somente sob a condição de que eu sinta a Tua grandeza e importância. Então eu estarei pronto para qualquer coisa. Inversamente, não Te posso dar aquilo que Tu me pedes."
Sucede-se que quando uma pessoa não sente a grandeza do Criador, o corpo não se consegue anular ante Ele "com todo teu coração e com toda tua alma." Contudo, na verdade, apresentando uma condição que diga, "Eu concordo trabalhar para Ti somente sob a condição que eu veja a Tua importância e grandeza," ele já quer receber do Criador, a grandeza do Criador, ou ele não quererá trabalhar com todo seu coração. Portanto, a pessoa está já limitada e colocada sob o governo da ocultação e ela não é livre para dizer que ela nada quer senão doar. Isto não é verdade dado que ela realmente quer alguma coisa antes de observar "que todas tuas obras sejam pelo bem do Criador." Ou seja, ela primeiro quer receber a grandeza do Criador e depois dizer que ela se vai anular ante o Criador. Certamente, isto não é considerado Biná pois Biná deseja misericórdia e nada quer, uma vez que a anterior realmente quer.
Sucede-se que Biná, cuja qualidade é desejar misericórdia, ou seja que ela não precisa de receber coisa alguma, é deste modo livre, uma vez que somente aquele que recebe é limitado e dependente da visão dos outros. Mas aquele que anda com seus olhos fechados e não precisa de qualquer grandeza ou qualquer outra coisa, isto é chamado "liberdade."
Porém, nós devemos saber que há imenso trabalho até que alcancemos a qualidade de Biná. Ou seja, de ficarmos contentes com pouco com a sua sensação e com a sua mente e ser feliz com a sua parte com aquilo que ela tem. Essa pessoa pode estar sempre em plenitude porque ela está feliz com sua parte.
Mas o que pode uma pessoa fazer se ela ainda não obteve ainda esta qualidade e vê que não consegue superar a sua vontade de receber? Nessa altura ela deve orar para o Criador a ajudar para que ela possa avançar no trabalho com seus olhos fechados e não precisar de coisa alguma e seja capaz de fazer tudo pelo bem do Criador apesar da resistência do corpo quanto a isto.
Isto é, ela não diz para o Criador como Ele a deve ajudar. Em vez disso, ela deve se subjugar a si mesma e se anular ante o Criador incondicionalmente. Mas uma vez que ela não consegue superar o seu corpo, ela pede ao Criador para a ajudar a vencer a guerra contra a inclinação, uma vez que ela entende a sua humildade.
Por esta razão, ela pede ao Criador para ter misericórdia dela porque ela é pior que as outras pessoas, que conseguem ser servas do Criador, ao passo que ela é pior que elas. Ela vê que tem um desejo de receber em amor próprio mais que todas elas. Portanto, ela está envergonhada de si mesma por poder ser tão baixa. Por esta razão, ela pede ao Criador para ter misericórdia dela e a libertar do governo da inclinação do mal.
Todavia, ela não pede ajuda por ser mais importante que as outras pessoas. Em vez disso, ela é pior que o resto das pessoas porque sua vontade de receber é mais desenvolvida e trabalha dentro dela com maior vigor.
Contudo, ela não pede para lhe ser dado mais conhecimento sobre a grandeza do Criador e depois ela será capaz de sair do governo do mal. Embora isto seja verdade, ela não quer dizer ao Criador que ela quer Lhe apresentar condições e somente depois vai ela se anular ante o Criador. Em vez disso, ela concorda permanecer com pouco entendimento e pouca sensação, não mais do que ela agora tem. Mas uma vez que ela não tem o poder para superar, ela pede para o Criador lhe dar o poder para superar e não inteligência, mente ou sensação.
Qualquer conselho que a pessoa dê ao Criador parece que ela está a definir condições, como se ela tivesse um estatuto e visão. Mas isto é insolência que uma pessoa apresente condições ao Criador e diga, "Se Tu me deres, por exemplo, bom sabor no trabalho, eu serei capaz de trabalhar para Ti. Caso contrário, não serei." Em vez disso a pessoa deve dizer, "Eu quero me anular e me render incondicionalmente, dá-me apenas a força para realmente ser capaz de sair do amor próprio e amar o Senhor 'com todo teu coração.’”
Se a pessoa apresenta condições, isso não aponta para a sua humildade. Pelo contrário, isso mostra que a pessoa se considera a si mesma digna e orgulhosa. É como ela diz, "O resto das pessoas são inconscientes, elas não conseguem trabalhar para Ti. Mas eu não sou como as outras pessoas, eu sei melhor o que significa ser judeu e o que é o trabalho do Criador." Portanto, ela diz para o Criador que Ele a deve tratar como ela entende e não como o Criador entender.
Respectivamente, podemos entender a questão das três linhas, onde o Zohar introduz três discernimentos: 1) Água doce e o oposto de Kedushá, que é água amarga. É sabido que "direita" significa plenitude, como está escrito no ensaio de Baal HaSulam de Tav-Shin-Gimel [1942-43], que a pessoa deve acreditar acima da razão que ela é completa. O oposto de completo é que o Sitra Achra vem e lhe mostra todas as carências, como agora ela não segue o caminho do Criador, assim deixando cair a pessoa num estado de tristeza ao ponto que a pessoa deseja fugir da campanha. Nessa altura ela só deseja matar o tempo e vê tudo como negro.
2) A "linha esquerda" é quando a pessoa quer reflectir dentro da razão para ver como ela é realmente segundo os seus olhos, se ela é inteira ou carente. Uma vez que ela se preparou para este escrutínio e fugiu para a linha esquerda porque agora ela quer orar para o Criador a ajudar a amar ao Senhor com o coração e alma, isto é chamado "água clara," uma vez que não há desperdício ou mistura aqui. Em vez disso, ela quer achar o lugar onde ela possa orar para o Criador.
Inversamente, o oposto da Kedushá vem com queixumes e a faz ver que ela está bem e que nada tem pelo qual orar. Isto é chamado "água lamacenta," pois "clara" significa que não há misturas lá. Ou seja, ela vê a verdade, pois ela vê segundo sua visão e mente. Ela vê que ela está errada e que tem o poder e desejo para o Criador a ajudar a ser recompensada com amar ao Criador "com todo teu coração. Nessa altura vem o oposto de Kedushá e mistura falsidade lá, lhe dizendo que ela está bem e que nada tem pelo que orar. Isto é água lamacenta, onde a falsidade está misturada no sentido que eles dizem que ela está bem e que nada tenha pelo que horar.
Devemos também interpretar o que diz o Zohar, "Há água da paz e água da rivalidade, Kedushá e o oposto da linha média." A lei é que a linha média é uma fusão das duas linhas. Dado que a linha direita de Kedushá é plenitude, em relação a acima da razão e a linha esquerda significa que ela vê dentro da razão que ela é incompleta, mas que pelo contrário, ela está cheia de carências.
Por esta razão, a linha média é composta de duas linhas. Ou seja, é impossível avançar acima da razão antes que ela tenha a razão que lhe mostre a situação, como lhe parece dentro da razão. Depois pode ser dito que ela não olha para aquilo que a mente a obriga a fazer. Em vez disso, ela avança acima do intelecto e acredita nos sábios, naquilo que os sábios lhe dizem e não usa a sua própria mente.
Mas se ela não tiver mente e razão para lhe dizer coisa alguma, não se pode dizer que ela avança acima da razão. É por isso que a linha média é chamada "paz," uma vez que ela precisa das duas linhas. Ou seja, tendo duas linhas opostas e precisando de ambas.
Mas por que é ela chamada "paz"? Nós devemos interpretar que quando ela tem duas linhas juntas, ela deve elevar a linha direita sobre a linha esquerda, como está escrito no Zohar. Isso significa que a linha da plenitude é construída sobre a razão citada, sobre a linha esquerda e com isto adquirimos o desejo para amar o Criador. Este é o Segulá [virtude/remédio/qualidade] de acima da razão.
Isso é como disse Baal HaSulam, que o facto do Criador querer que O sirvamos acima da razão, o Criador escolheu este caminho uma vez que é o caminho mais bem sucedido para que os seres criados sejam recompensados com Dvekut e então eles são recompensados com a paz. É como está escrito (Salmos 85), “Eu escutarei aquilo que o Senhor Deus falará, pois Ele falará a paz ao Seu povo e aos Seus seguidores e não os deixará regressar à folia." Sucede-se que a fusão das duas linhas é chamada de "paz" e isto é a linha média na Kedushá.
Inversamente, o oposto de Keduhsá é chamado "águas da rivalidade," uma vez que ela propagam sobre si mesmas aquilo que elas não deveriam ter propagado, chamado "águas da rivalidade" e foram corrompidas nelas. Significa isto que o oposto de Kedushá elevou a linha esquerda sobre a linha direita, ou seja disse exactamente o oposto de Kedushá.
O caminho de Kedushá é que precisamos do "dentro da razão", que resiste ao que "acima da razão" diz. A razão sobre por que precisam de usar e se engajar na linha esquerda não é que eles queiram caminhar na linha esquerda e escutá-la. Pelo contrário, mas eles precisam de usar e se engajar com a razão de modo a terem espaço para avançarem acima da razão. Mas o que fez o oposto de Kedushá? Eles propagaram a linha esquerda de modo a controlar a linha direita, ou seja avançar dentro da razão.
Esta é a verdadeira Tuma’a [impureza], pois Tuma’a no trabalho é chamada "a densidade do coração." Isto é, a vontade de receber bloqueia o coração para que a Kedushá não consiga entrar no coração devido à disparidade de forma. Portanto, uma rivalidade com o Criador se sucedeu sobre por que o Criador não lhes dá deleite e prazer, que é o oposto da paz. Por esta razão, devemos tentar avançar com a fé acima da razão.