Artigo Nº 31, Tav-Shin-Mem-Het, 1987/88
Está escrito no Zohar (Ekev, Item 1): “‘E tu comerás e ficarás satisfeito e abençoarás o Senhor teu Deus.' Este Mitsvá [mandamento] é de abençoar o Criador por tudo aquilo que ele comeu e bebeu e desfrutou neste mundo. Se ele não abençoa, ele é chamado 'um ladrão do Criador.' Sobre o versículo, 'Aquele que rouba seu pai e sua mãe,' os amigos estabeleceram que ele é relativo ao Criador, uma vez que as bênçãos que a pessoa abençoa ao Criador vêm para prolongar a vida da fonte da vida, que é Biná, ao sagrado nome do Criador."
Nós vemos aqui que duas coisas são necessárias: 1) Prazer, que a pessoa desfruta, 2) A pessoa deve abençoar sobre o prazer que ela recebeu. Ele diz que caso contrário, se a pessoa não abençoar, é considerado que ela rouba do Criador. Ele diz que a razão é que através da bênção ela propaga abundância pelo bem do Criador.
Devemos entender por quê, se a pessoa não abençoa, abundância não é propagada pelo bem do Criador. Ou seja, se o Criador pode dar abundância, por que é que Ele precisa de um despertar através da bênção?
Interpreta ele lá na Sulam [Comentário da Escada] que seu pai é o Criador e sua mãe é a Shechiná [Divindade] e através da bênção, abundância é propagada para o Criador e para a Shechiná. Contudo, devemos entender a importância da bênção que propagar a abundância do alto causa. E se ele não abençoar, ele rouba a abundância que seu pai e mãe devem receber.
Estas palavras de nossos sábios também são apresentadas no Talmude (Berachot 35b): “Qualquer um que desfrute deste mundo sem uma bênção, é como se ele roubasse o Criador e assembleia de Israel, como foi dito, 'Aquele que rouba do seu pai e da sua mãe e diz, 'não há crime,' é um amigo de um homem maldoso. Seu pai é o Criador, tal como foi dito, 'Pois Ele é teu pai, teu Fazedor.' E sua mãe é a assembleia de Israel, tal como foi dito, 'Escuta, meu filho, a instrução de teu pai e não esqueças o ensinamento de tua mãe.' O que é, 'um amigo de um homem maldoso'? Rabi Hanina Bar Papa disse, 'Ele é um amigo de Jeroboão, filho de Nevat, que corrompeu Israel para com seu Pai nos céus.'"
Este texto é também difícil de entender. Será que aquele que não abençoa um prazer do qual desfruta amigo de Jeroboão, filho de Nevat, que corrompeu Israel para com seu Pai nos céus? Devemos entender qual é a gravidade que encontramos na bênção e por que é pior que aquele que comete uma transgressão, para que ele mereça uma punição pela transgressão que cometeu, é como se a transgressão de evitar a bênção fosse semelhante a corromper o mundo inteiro.
É sabido que o mundo inteiro foi criado somente pelo temor aos céus, como disseram nossos sábios (Berachot 6b), "Qualquer pessoa em quem houver temor pelos céus, suas palavras são escutadas, como foi dito, ‘No fim, tudo sendo escutado, teme a Deus.' Pergunta ele, 'O que é, 'Pois isto é o todo do homem’? Rabi Elazar disse, ‘O Criador disse, ‘O mundo inteiro foi criado somente para isto.’’” RASHI interpretou "para isto" como "para criar isto."
Devemos entender o significado de "O mundo inteiro foi criado somente pelo temor aos céus." Parece uma contradição para a conhecida regra, que na criação do mundo, está escrito (Midrash Rába, Bereshit) que o Criador disse para os anjos ministradores que Ele quer criar o mundo, pois isso é semelhante a um rei que tem uma torre abundantemente preenchida mas sem convidados. Foi por isso que ele criou o homem, para lhe dar deleite e prazer.
Todavia, aqui ele diz que o mundo foi criado somente pelo temor aos céus, como se o Criador precisasse de ser temido e que foi por isto que Ele criou o mundo.
Para entender isto, primeiro precisamos de entender o que é chamado de "mundo" e o que é chamado de "temor." Segundo a regra que aprendemos, a razão para a criação dos mundos foi para fazer bem às Suas criações. Por esta razão, criou Ele nas criaturas um desejo e anseio para receber deleite e prazer. Isto é chamado Malchut de Ein Sof [infinito/sem fim], uma vez que nessa altura, Malchut ainda não impediu a expansão da abundância, mas recebeu no desejo de se deleitar a si mesma.
Porém, posteriormente, assim que ela recebeu a luz, aprendemos que Malchut desejou equivalência de forma, porque todo o ramo quer se assemelhar à sua raiz. Por esta razão, ela não quis receber por causa de seu próprio benefício, mas em prol de trazer contentamento ao Criador. Por outras palavras, porque o Criador quer fazer o bem às Suas criações, ele quer receber.
Nas palavras do ARI, isto é chamado “Tzimtzum [restrição], “ocultação” e "esconderijo." No livro Árvore da Vida, ele diz que antes dos mundos serem criados, a luz superior havia preenchido a inteira realidade e não havia Rosh [cabeça] ou Sof [fim], mas que tudo era completamente uniforme. Porém, quando Ele desejou emanar as emanações e criar as criaturas, Ele se restringiu, deixando um espaço vazio. ele diz lá, "E eis, que após a supracitada Tzimtzum, houve um lugar onde os emanados, criados, formados e feitos podiam existir.”
Nós vemos que antes da Tzimtzum, não havia questão de mundos, pois Olam [mundo] vem das palavras He’elem e Hester [“ocultação” e “esconderijo”]. A ocultação e esconderijo que tomaram lugar então foram como está escrito, "Em prol de trazer a luz da perfeição das Suas acções." Explica ele lá em Ohr Pnimi [“Luz Interna," do comentário de Baal HaSulam às palavras do ARI] que significa que isso é em prol de ter equivalência de forma, chamado "receber em prol de doar." Inversamente, elas não receberiam qualquer abundância, para que não haja disparidade de forma chamada "separação" e Malchut de Ein Sof desejou isto.
Lá tivesse havido divulgação de luz nos vasos de recepção, não haveria qualquer espaço para o trabalho, para que pudessem alguma vez alcançar equivalência de forma. Foi por isso que houve o abandono da luz, chamado "ocultação e esconderijo." Posteriormente, segundo o poder de superar, chamado "uma Masach [tela] sobre a luz superior," para que pudessem receber em prol de doar, a essa medida a luz aparece.
Uma vez que este Kli [vaso] vem do inferior, ou seja que o inferior deve fazer o Kli, logo, o inferior é incapaz de receber toda a luz que estava no propósito da criação quando o Criador colocou a luz no Kli que Ele havia feito, chamado "vontade de receber.” Em vez disso, a luz que iluminava nos vasos de recepção é agora recebida em porções, uma de cada vez, chamada "pouco-a-pouco," uma vez que os Kelim [vasos] que as criaturas fazem, que são chamados "em prol de doar,” não podem fazer tudo de uma só vez.
Por esta razão, muitos mundos surgiram, ou seja muitos Masachim [plural de Masach], onde por um lado, cada Masach faz uma ocultação e por outro lado através dele, há revelação. Todavia, antes da Tzimtzum, não havia lugar para os mundos, ou seja que não havia lugar para a ocultação simplesmente porque como está escrito, "a luz superior havia preenchido toda a realidade."
Sucede-se então que há duas acções no homem: 1) Ele quer receber tudo para seu próprio benefício, considerada receber todo o deleite e prazer que ele vê no Kli chamado "receber para si mesmo." 2) Ele quer doar sobre os outros.
Segundo o citado, devemos dizer que a acção de querer receber para seu próprio benefício vem até ele do Criador, ou seja que o Criador imprimiu nas criaturas um Kli chamado "receber em prol de receber." A pessoa não precisa de trabalhar sobre este Kli ou adquiri-lo. Em vez disso, ele vem até ela com a natureza que o Criador criou.
Inversamente, uma acção que a pessoa faça em favor de outra vem das criaturas, ou seja que a pessoa deve fazer um esforço para adquirir este Kli, dado que o Criador não pretendeu que as criaturas dessem a Ele, mas em vez disso que o Criador desse às criaturas.
Contudo, em prol de evitar a vergonha, o inferior fez a Tzimtzum e ocultação de modo a não receber qualquer luz senão segundo aquilo que ela consegue receber em prol de doar. Por esta razão, dado que o inferior deve realizar esta acção sozinho, o inferior deve exercer grandes esforços para adquirir este Kli, uma vez que é contra a natureza na qual foram criadas as criaturas.
Sucede-se que a pergunta que fizemos, Que acção a pessoa faz que nós atribuímos ao Criador, ou seja que o Criador a criou? É que a pessoa quer receber abundância para seu próprio benefício vem directamente do Criador. Mas uma acção de doação nós atribuímos à criatura. Assim, é difícil para a pessoa adquirir este Kli porque isso é contra a natureza.
Respectivamente podemos interpretar o que questionávamos sobre aquilo que disseram nossos sábios, que o mundo inteiro foi criado para isto, pelo temor aos céus, como está escrito, (Eclesiastes 3:14), “E Deus assim fez para que Ele fosse temido." Todavia, isto contradiz aquilo que disseram nossos sábios, que a criação do mundo foi para fazer o bem às Suas criações e não para ter medo e foi por isso que o mundo foi criado, como disseram nossos sábios, que o mundo inteiro foi criado somente para isto, ou seja pelo temor aos céus, implicando que o Criador precisa de ser temido e que por isso Ele criou as criaturas.
Tal como explicamos, Olam [mundo] significa He’elem e Hester [“ocultação” e “esconderijo”]. Isto levanta a questão, Por que é que o Criador criou ocultação e esconderijo quando a razão para criar o mundo foi para fazer o bem às Suas criações? Porém, há a questão da correcção aqui. No livro Árvore da Vida, o ARI se refere a isso como "Em prol de trazer à luz a perfeição das Suas acções, Ele se restringiu." Nós vemos que a ocultação e esconderijo, chamados Tzimtzum, foram para que eles não recebessem a luz superior e permanecessem em Dvekut, chamada "equivalência de forma."
Por outras palavras, embora eles recebam deleite e prazer, uma vez que recebem em prol de doar, isso é chamado "equivalência de forma." Significa isto que da perspectiva do desejo e anseio que eles têm pela abundância superior, eles abdicam da recepção do deleite e prazer. Porém, porque o Criador deriva deleite e prazer da sua alegria, pois este foi o propósito da criação, eles recebem, uma vez que o Criador queria que eles desfrutassem e não por que eles querem receber prazer para si mesmos.
Essa correcção é especificamente através da ocultação e esconderijo, pois depois há lugar para a escolha para dizer que sem a direcção de doar, ele não quer receber. Mas se a luz fosse revelada, como era antes da Tzimtzum, como poderia ela dizer que enquanto a luz superior preenche o todo da realidade, que há espaço para a escolha, ou seja que se ele não conseguir direccionar para doar, ele não vai receber? Isso teria sido impossível, uma vez que vemos que depois de todas as restrições que tomaram lugar, ela não brilha abertamente neste mundo.
Disse o ARI que somente uma magra luz desceu da Kedushá [santidade] para sustentar as Klipot [cascas/peles]. Significa isto que todos os prazeres no mundo corporal são senão uma magra luz em comparação com as luzes que existem em Kedushá. Todavia, nós vemos que quando uma pessoa recebe prazer no mundo corporal, que é um prazer minúsculo em comparação com a espiritualidade, onde o grosso do prazer se encontra, quão difícil é para ela dizer, "Se eu não consigo direccionar para doar, eu abdico do prazer." Portanto, podemos imaginar que se a luz fosse revelada, tal como a luz vestida no mandamento do [xaile de oração], como poderia uma pessoa dizer que ela abdica do prazer se ela não conseguir direccionar para doar?
Agora podemos entender que a palavra "mundo" significa "ocultação" e com isto podemos interpretar o que eles disseram, "O mundo foi criado somente para isto," ou seja para o temor aos céus. Porém, o que significa "temor aos céus" no trabalho para alcançar a verdade? Ele significa como foi dito na "Introdução ao Livro do Zohar” (Item 203), “Tanto o primeiro medo e o segundo medos não são para seu próprio benefício, mas somente o medo de diminuir em trazer contentamento ao seu Fazedor.”
Com isto vamos entender o que está escrito, "O mundo inteiro foi criado somente pelo temor aos céus." Significa isto que a inteira questão da ocultação, que é chamada "mundo," foi criada somente para possibilitar alcançar a doação. Ou seja, se não houvesse ocultação, não haveria lugar para nós trabalharmos em prol de doar.
Respectivamente, o significado daquilo que questionávamos sobre o que está escrito, que o mundo foi criado em prol de fazer o bem às Suas criações, isto se refere ao propósito da criação, como foi dito, que o Criador disse que é como um rei que tem uma torre abundantemente preenchida. E depois vem a correcção da criação, que é trabalhar em prol de doar, que é Dvekut [adesão], equivalência de forma, chamada "temor" e sobre esta correcção foi o mundo feito, ou seja que haveria ocultação e esconderijo.
Sucede-se que o mundo, que é ocultação, foi feito para que Ele fosse temido. Significa isto que o temor é pelo bem do homem, para que ele fosse capaz de trabalhar pelo bem do Criador. Não devemos dizer que o Criador precisa de ser temido, mas que o medo é que a pessoa teme que possa não ser capaz de trabalhar em prol de doar. Foi por isso que a ocultação tomou lugar. Este trabalho pertence ao homem, que deve fazer grandes esforços para adquirir estes Kelim, pois isso é contra a natureza porque o Criador colocou nas criaturas um desejo para receber deleite e prazer.
Agora podemos interpretar o que está escrito, "E Deus assim fez para que Ele fosse temido." Ou seja, em prol da pessoa preservar o temor, chamado "reino dos céus," Ele teve de fazer uma correcção. Assim que a pessoa abandona o reino dos céus, chamado "acima da razão," o Criador fez com que o homem imediatamente descesse do seu estado, onde ele pensava na espiritualidade e caísse para o mundo corporal, onde não há conexão entre eles.
Estas quedas fazem com que o homem se guarde de mudar a ordem do trabalho de fé acima da razão. Ver na “Introdução ao Livro do Zohar”: “A questão inteira do temor é somente pelo bem do homem e não que o Criador precise de ser respeitado, tal como um rei de carne e osso. Em vez disso, tudo aquilo que Ele fez é em favor do homem, pois estas correcções que o Criador realizou vão guiar a pessoa no caminho certo para a conduzirem para o propósito da criação, nomeadamente para as criaturas receberem deleite e prazer.”
Agora nós vamos explicar oq ue questionávamos sobre a bênção, onde está escrito, "Aquele que desfruta neste mundo sem uma bênção, é como Jeroboão, filho de Nevat." Nós perguntamos, Por que é que a transgressão de desfrutar sem bênção é muito mais grave que outras transgressões? É como se com outras transgressões que a pessoa realiza, ela não é como Jeroboão, filho de Nevat, que foi um pecador que fez o público pecar. Mas aquele que desfruta sem uma bênção é semelhante a Jeroboão, filho de Nevat, que corrompeu Israel para o seu Pai nos céus?
No trabalho, nós devemos interpretar que quando a pessoa desfruta algo e abençoa por isso, deve haver uma questão de renovação da fé aqui. Ou seja, quando a pessoa diz a bênção, ela deve acreditar que o Criador lhe deu o prazer, que cai na categoria de "Seu desejo de fazer o bem às Suas criações." Portanto, também, nos prazeres corporais, o prazer que o Criador quer dar às criaturas está vestido, também, uma vez que o somente o Criador sustenta todas as coisas, como está escrito, "E tu os sustentas a todos."
Porém, enquanto a pessoa for desadequada para sentir quem é o fornecedor, o Criador se veste em vestes corporais, ou seja que somente em vestes inferiores, que também os animais, conseguem desfrutar destas vestes e também os falantes conseguem sentir prazer nelas.
Nestes prazeres corporais, nos quais o homem sente deleite e prazer como os animais, há lugar para a escolha. Ou seja, é possível dizer aqui que todos os prazeres nestas vestes são a natureza. Ou seja, eles dizem que não há líder para a natureza e disto sucede-se que todas as pessoas seculares que não querem acreditar que há um líder para a natureza, uma vez que têm uma clara prova dentro da razão de que é como elas dizem.
Alguns crentes dizem que avançam acima da razão. Ou seja, embora faça sentido dizer que tudo é somente a natureza, ainda assim, eles são crentes devotos que têm fé nos sábios, que dizem que há um Criador que conduz o bem. Sucede-se que o facto do Criador se vestir em prazeres corporais e eles receberem deleite e prazer é suficiente para que eles conduzam uma vida feliz e eles não têm necessidade de saber se há um líder para a natureza, pois que iria isto acrescentar aos nossos prazeres?
Em vez disso, eles querem aumentar os prazeres aumentando as vestes, tais como mais dinheiro, mais respeito e mais comida e bebida. A razão é que eles não têm necessidade para procurar talvez haja um líder para a natureza derivado do versículo, "Um escravo em abandono está contente," como disseram nossos sábios, que uma pessoa não quer assumir sobre si mesma qualquer escravidão vinda de alguém. Em vez disso, a pessoa quer ser livre e não ser escrava de qualquer pessoa. Sucede-se que quando a pessoa procurar achar tácticas para saber que há um líder para a natureza, se ela assumir sobre si mesma a visão de que há um líder, então ela deve seguir os mandamentos do líder e terá de dizer que há recompensa e punição. Portanto, é melhor dizer que a natureza não tem líder. Com isto ela pode levar uma vida de abandono.
Sucede-se que o facto do deleite e prazer na Torá e Mitsvot estarem escondidos de nós é deliberado, para que haja lugar para a escolha, uma vez que na Torá e Mitsvot, não se pode dizer que não haja líder, pois quem é o Dador da Torá e Mitsvot?
Porém, quem desperta para escolher e acreditar que há um líder para a natureza? Quando a pessoa calcula que é impossível que uma pessoa, que está no nível falante, tenha o mesmo nível de vida que os animais, ou seja, elas não conseguem aceitar que elas não tenham um papel mais importante na vida que os animais, elas começam a procurar um propósito para suas vidas.
Isso é como disseram nossos sábios sobre Abraão, que perguntou, "Haverá uma cidade sem um líder? Prontamente, o líder da cidade apareceu ante ele e disse, 'Eu sou o líder da cidade.'" Ou seja, ele viu uma cidade acesa, significando que ele viu o mundo, que é chamado 'uma cidade,' onde todos sofriam. Ele disse sobre isto, "Haverá uma cidade sem um líder?" Certamente, a natureza não aflige o mundo sem um líder para a natureza. Portanto, ele começou a procurar um líder. Prontamente, o lider apareceu ante ele e disse, "Eu sou o senhorio do Mundo."
Nós vemos que deve haver um despertar pelo inferior. Ele precisa de saber e sentir que há um líder para a natureza e desejar Dvekut com Ele e fazer o que ele puder, embora ele veja que é difícil para ele ver isto dentro da razão de que o líder da natureza é bom e benevolente, uma vez que ele vê que ele próprio é desprovido de deleite e prazer. Também, quando ele examina o mundo, ele vê o mundo inteiro no sofrimento e na pobreza, tanto na corporalidade como na espiritualidade. Todavia, ele deve acreditar com fé acima da razão que o Criador conduz o mundo e que Ele dá ao mundo inteiro somente o bem.
Isso é como diz Baal HaSulam (Shamati, Artigo Nº 1), que a pessoa deve acreditar acima da razão que o Criador conduz o mundo em Providência privada por meio de "O Bom e Benevolente." Embora dentro da razão ela veja o oposto, ela deve saber que, "Eles têm olhos e não vêem." Enquanto a pessoa não tenha sido recompensada com a entrada na autoridade do Criador e anule a sua própria autoridade, a pessoa não consegue ver a verdade.
Portanto, nós vemos que quando a pessoa desfruta neste mundo, ou seja na vontade de receber para si mesma, embora este desejo venha do Criador, ou seja que este foi o único desejo do Criador, que as criaturas desfrutem da abundância, sucede-se que quando a pessoa desfruta, ela faz a vontade do Criador.
Portanto, por que precisa ela de abençoar o Criador? Foi a intenção de fazer o bem às Suas criações por que precisa o Criador de ser abençoado? onde bênção se trata de abençoar o Dador para que ele seja abençoado em tudo aquilo que ele faz.
Nós devemos questionar, Será que precisa de ser dada bênção e sucesso ao Criador? Isto se aplica somente às criaturas, que são fracas e portanto precisam de bênção e sucesso naquilo que elas não conseguem obter através do seu próprio trabalho, porque são impotentes. Mas como se pode dizer isso do Criador?
Todavia, como aprendemos, em relação à correcção da criação, houve a questão da Tzimtzum e ocultação para que os inferiores recebessem e não houvesse vergonha aquando da recepção dos prazeres.
Em relação isso, podemos discernir duas coisas: 1) a acção, ou seja a pessoa recebe prazer; 2) a intenção, ou seja a razão. Isto é, quem a faz receber o prazer, que é chamado "uma acção"? Nessa altura a pessoa contempla para ver quem e o que lhe causou prazer, seu desfrutar. Ela vê que qualquer prazer depende do desejo pela questão. Nós atribuímos isto à nossa própria natureza, ou seja que o Criador nos deu um desejo e anseio para receber prazer de algo pelo qual podemos derivar prazer. Quando a pessoa calcula, ela vê que isto a separa do Criador. Ou seja, ela vê que a recepção a remove do trabalho do Criador por causa da disparidade de forma. Isto, por sua vez a força se aproximar da corporalidade e o principal significado de corporalidade é que ela assume sobre si mesma trabalhar para seu próprio benefício. O homem é chamado "corporal" e não pelo bem do Criador e o Criador é considerado "espiritual."
Por esta razão, cabe ao homem colocar uma direcção sobre a acção do prazer: 1) Ele deve acreditar que este prazer que recebe vem do Criador e não de outra fonte. 2) Ele deve pretender doar e dizer que como o Criador quer que as criaturas recebam prazer, ele faz a vontade do Criador. Inversamente, se ele não conseguir direccionar para beneficiar o Criador, ele está disposto a abdicar deste prazer.
Porém, a pessoa não chega a este trabalho de uma só vez. Isto é chamado "abençoar o Criador." Ou seja, através do trabalho de doação, é considerado que a pessoa dá ao Criador Kelim [vasos] para que Ele possa doar prazer sobre a pessoa. Dado que o Tzimtzum não foi para doar nos vasos de recepção, agora será possível que o Criador doe, uma vez que a Tzimtzum foi removida deles porque agora ela recebe não para seu próprio bem, mas pelo bem do Criador.
Por esta razão, agora podemos dizer que a pessoa que abençoa, ou seja enquanto recebendo prazer, ela pretende que o seu prazer seja fazendo a vontade do Criador, cujo desejo é fazer o bem às Suas criações, isto é considerado abençoar o trabalho do Criador. Por outras palavras, uma vez que o trabalho do Criador é doar sobre as criaturas, visando doar, há poder no alto para doar sobre os inferiores, uma vez que agora os inferiores não são removidos pela recepção. Pelo contrário, agora é aparente que eles estão aderidos ao Criador.
A prova disto é que a abundância se pode espalhar nos Kelim que são adequados para receber, dado que os Kelim permanecerão em Kedushá. Sucede-se que através da bênção, ele causa a expansão da abundância para os inferiores.
Com isto vamos entender o que perguntamos, Qual é a gravidade da bênção? Aparentemente, ele não prejudica mais que em outras transgressões. Mas segundo o supracitado, o significado da bênção é relativa à qualificação dos Kelim, para que o Criador seja capaz de dar aos inferiores deleite e prazer e que essa abundância não seja prejudicial para eles. Ou seja, para que eles não sejam afastados pela recepção do deleite e prazer Dele, devido a disparidade de forma, como é sabido que a disparidade de forma causa se afastar do Criador.
Sucede-se que aquele que não abençoa pelo prazer, ou seja que ele não direcciona de que este seja em prol de doar, causa o bloqueio da abundância do alto. Sucede-se que é como se ele fizesse com que o Criador não fosse capaz de levar a cabo o propósito da criação, que é fazer o bem à Sua criação.
Como acima dito, há duas acções no homem: 1) que aquilo que vem do Criador, que é o desejo e anseio pelos prazeres, 2) a acção que atribuímos à criatura, que é a intenção de doar. Nós atribuímos isto ao inferior, que deve direccionar em prol de doar.
Assim se sucede que há duas condições sob as quais o Kli será adequado para receber a abundância e permanecer em Dvekut enquanto recebendo a abundância: a acção e a direcção. Também, há parceria na construção da totalidade do Kli: 1) o Criador, 2) as criaturas.
Isto é como está escrito no Zohar (“Introdução ao Livro do Zohar,” Item 67): “‘E dizer para Sião, 'Vós sois Meu povo.'' Não pronuncie 'Vós sois Meu povo [Ami]’ com uma Patách na Ayin, mas ‘Vós estais Comigo [Imi],’ com um Hirik na Ayin, que significa parceiros Comigo. Como Eu fiz o céu e a terra com Minhas palavras, como está escrito, 'Pela palavra do Senhor os céus foram feitos,' vocês, com as palavras da vossa sabedoria, fizeram novo céu e terra. Felizes são aqueles que se esforçam na Torá.”
Significa isto que através da Torá, cuja luz o reforma, conseguem eles alcançar o grau de anularem sua própria autoridade e tudo aquilo que a pessoa faz será tudo em prol de doar contentamento ao seu Fazedor.
Respectivamente, se a pessoa não der sua parte para o Kli, que é a segunda parte, chamado "desejo de doar," ela deste modo faz com que a abundância que devia vir até aos inferiores através do trabalho do inferior, ao não dar a intenção, a abundância se atrasa por causa dela. Por outras palavras, não recebendo a bênção, a conexão do superior com o inferior está em falta, dado que o superior é o dador e o inferior é o receptor. Assim, há disparidade de forma entre eles e eles não têm Dvekut, então como pode a abundância chegar ao inferior?
Portanto, quando há um conector, ou seja que o inferior também quer ser um dador como o superior, a abundância consegue fluir para o inferior por causa da conexão que existe entre eles. Sem esta conexão, é como se ele roubasse os alimentos que seu pai e mão devem dar às crianças - que o homem rouba e as crianças nada têm que as sustente.
Por outras palavras, se ele desfruta e não abençoa, isso significa que ele não dá a intenção pelo bem do Criador. Portanto, se ele tomou o prazer, que é recepção e o deu para o Sitra Achra [outro lado], que tomam toda a recepção em prol de receber e é isto que os alimenta. Tivesse ele direccionado através da bênção, a Kedushá teria sido nutrida com isto, ou seja através dela, a abundância seria adicionada aos mundos de Kedushá. Agindo sem a direcção, ele deu força às Klipot.
Podíamos perguntar, O que significa que ele corrompeu o mundo, uma vez que ele não corrompeu o seu eu? Também, qual é a conexão entre ele o mundo inteiro? Devemos interpretar como disseram nossos sábios disseram (Kidushin 40b), “Rabi Elazar Bar Rabi Shimon diz, ‘Dado que o mundo é julgado pela sua maioria e o indivíduo é julgado pela sua maioria, se ele realiza um Mitsvá [mandamento/boa acção], feliz é ele, pois ele se sentenciou a si mesmo e ao mundo inteiro para o lado do mérito. Se ele comete uma transgressão, ai dele pois se sentenciou e ao mundo inteiro para o lado do pecado.’”
Desta forma vemos que através do seu pecado, uma pessoa rouba os alimentos que deviam alcançar o mundo inteiro. Por esta razão, aquele que não abençoa rouba o seu pai e sua mãe. Ou seja, a abundância que eles lhe devem dar e aquilo que seu pai e mãe devem dar ao mundo inteiro, ele os impede de receber. Sucede-se que ele corrompeu o mundo para seu Pai nos céus.
Significa isto que a abundância e alimento que seu pai nos céus deveria ter dado ao mundo inteiro, ele rouba esta força que deveria ter sido recebida em prol de adicionar Kedushá pelo mundo e a entrega esse poder ao Sitra Achra. Toda a recepção em prol de receber que os inferiores realizam adiciona poder ao Sitra Achra e toda a direcção sobre uma acção que ele direcciona em prol de doar adiciona abundância à Kedushá.
Agora podemos entender a gravidade de "Aquele que desfruta neste mundo e não abençoa." Como foi supracitado, isso é a intenção, pois somente através da bênção, é adicionada abundância a todos os mundos e abundância alcança o mundo inteiro.
Assim, se a intenção da pessoa for somente para trazer contentamento ao Criador não para seu próprio benefício, ela não se importa com a quantidade de prazer. Ela só olha para a quantidade de paixão com a qual ela quer deleitar o Criador, uma vez que através do desejo de deleitar o Criador, causa ela equivalência de forma na raiz da sua alma. Isto, por sua vez, faz com que mais abundância seja atraída, dado que o superior quer dar mais que o inferior quer receber e somente vasos de doação estão em falta. Sucede-se que ao superar em doação, grande abundância é propagada. Por esta razão, não precisamos de pedir para termos grandes luzes, somente tentar termos grandes vasos, que sejam vasos de doação.
Isso é como nós interpretamos, que disseram nossos sábios, "Por que está escrito, 'Pois este é todo o homem'"? E ele responde, "Rabi disse, 'O mundo inteiro foi criado somente para isto,'" ou seja pelo temor aos céus, como está escrito, "O que o Senhor teu Deus pede de ti? Somente temor." Temor é como ele diz na Sulam [Comentário da Escada sobre o Zohar], que ele tem medo de não ser capaz de doar sobre o Criador. "E isto é todo o homem," ou seja que é isto tudo aquilo que o homem deve fazer, ou seja oferecer a Ele vasos de doação. O resto, ou seja as luzes, o Criador dá. Este é o sentido de "Tudo está nas mãos do céus menos o temor aos céus.”