Junho de 1984
"Descanso e alegria, luz para os judeus" (Shabat [Sabate] canções da tarde). Isto significa que era luz somente para os judeus. Mas para as nações do mundo, descanso e alegria são considerados escuridão. Pode isto ser? Quem não quer descanso e alegria? Também, precisamos de entender o que disseram nossos sábios sobre o versículo, "A pomba veio até ele perto da tarde e eis, na sua boca estava uma folha de oliveira fresca." Disseram eles, "Na sua boca," como se falasse. Ela disse, "Eu prefiro minhas comidas tão amargas como uma azeitona na mão do Criador que doces como o mel nas mãos dos de carne e osso" (Iruvin 7).
Devemos também entender o que disseram nossos sábios, “Rabi Yohanan e Rabi Elazar ambos disseram, 'Quando uma pessoa precisa de pessoas, sua face muda como como o crómio. Foi dito, 'tal como as coisas perversas se tornam elevadas aos olhos das pessoas''" (Berachot 6).
Para entender tudo o citado, devemos saber que podemos falar de descanso somente após esforço. Dado que falamos de judeus, isso significa que falamos de coisas que são relativas a judeus, que significa questões relativas a servir ao Criador, que são relativas a judeus. Portanto, devemos falar de trabalho que a pessoa precisa de fazer para a obra sagrada, que é doar contentamento ao Criador. Foi por isso que nos foram dados seis dias de trabalho para o corpo sair do amor próprio e doar sobre o Criador.
Uma vez que o corpo não concorda com isto porque isso é contra a sua natureza, o trabalho começa, dado que trabalho é aquilo com que o corpo discorda. Quando a pessoa quer ir contra a sua opinião e vontade, esse é um grande esforço, dado que o corpo usa todos os tipos de argumentos para a fazerem pensar que isso é injusto, que ela está a exigir coisas intoleráveis.
É por isso que está escrito no Zohar, "'E eles regressaram de viajar pela terra.' 'Eles regressaram' significa que eles retornaram para o lado mau, dizendo, 'O que obtivemos até agora? Trabalhamos na Torá, todavia a casa está vazia, etc. Quem será recompensado com aquele mundo e quem entrará nele?
Teria sido melhor se não tivéssemos trabalhado tanto, etc., mas quem pode ser recompensado com ela? etc., e também vimos os descendentes do gigante lá,' ou seja que você precisa de um corpo tão forte e tão poderoso como um leão. Aqueles que têm fé, que disseram eles? 'Se o Criador nos quer, Ele nos dará isso’” (O Zohar, Sulam [Comentário da Escada sobre o Zohar], Shlach, Item 63).
Sucede-se que os espiões não mentiram, mas tiveram de acreditar acima da razão que "se o Criador nos quiser," Ele nos pode ajudar. Isto foi como disseram nossos sábios, "Aquele que vem para se purificar é ajudado." É isso que diz o Zohar, que aqueles que têm fé disseram, "Se o Criador nos quiser," etc., pois então o Criador mostra Sua glória, ou seja nós começamos a sentir a glória do Criador pois isto é tudo o que necessitamos, dado que para nós o trabalho de doação é considerado Shechiná [Divindade] no exílio, pois nosso corpo não sente a importância do Rei e portanto não valoriza servi-Lo e trabalhar para Ele e pensar Nele todo o dia e como pode a pessoa agradar-Lhe.
Mas se a pessoa pudesse sentir a importância do Rei, vemos que está na nossa natureza que temos a força para servir uma pessoa importante e isso não nos cansa de todo. Pelo contrário, nós procuramos todo o dia como e com o quê podemos fazer algum serviço para ela e não esperamos recompensa pelo trabalho porque o trabalho em si é a sua recompensa.
Por exemplo, o líder da geração vem ao aeroporto e todas as pessoas da cidade vêm para saudá-lo. Ele trouxe com ele uma pequena mala, escolheu uma pessoa da cidade e deu-lhe a mala para trazê-la para seu lugar de alojamento. Posteriormente, ele quis pagar-lhe pelo seu trabalho, uma vez que foi seu porteiro e uma vez que ele é um homem muito importante, ele quer pagar-lhe como se fosse uma mala muito grande, pois depois a gente precisa de pagar uma boa soma de dinheiro e ele quer pagar pela sua bagagem uma soma considerável pelo seu pequeno esforço.
Claramente, este homem não vai receber qualquer pagamento pelo seu trabalho porque ele é uma pessoa importante, então qualquer soma de dinheiro que possa pagar-lhe será insignificante em comparação com o prazer que ele deriva de ser escolhido pelo sábio para o servir, em vez de outra pessoa da cidade. É da natureza humana que isto não lhe custa esforço. Em vez disso, segundo a importância do sábio, respectivamente é o prazer de o servir.
Sucede-se que o trabalho em si é a recompensa e ele não procura qualquer pagamento. Pelo contrário, todas as recompensas que uma pessoa pode receber em retorno pelo trabalho são completamente inconsequentes em comparação com o trabalho em si o qual lhe foi concedido e esta é sua recompensa.
Inversamente, se ele serve uma pessoa comum e não há importância em servi-la, não é vantajoso para o corpo trabalhar pelo bem dos outros, muito menos pelo bem do Criador, dado que pelo bem do Criador também contém a questão da fé, que não é uma questão simples.
Assim, quando chega o Shabat [Sabate], quando a luz do Shabat brilha na conduta do nome do Criador, como está escrito no Zohar, que o Shabat é a revelação do Seu nome, ou seja que a importância do Criador se torna revelada, então ele obtém o seu descanso do trabalho do corpo não querer trabalhar em prol de doar porque ele não sentia a importância do Criador. Mas quando a pessoa sente a luz do Shabat, o corpo concorda trabalhar em prol de doar porque é de grande importância para ela que ela tenha sido recompensada com servir ao Criador e depois ela não quer qualquer recompensa, dado que qualquer recompensa que lhe possa ser dada é insignificante em comparação com o valor da servidão que ele fez enquanto servia ao Criador.
Sucede-se que tendo descanso, ou seja que ele foi recompensado com a sensação da importância do Criador, que fez com que seu corpo concordasse trabalhar somente em prol de doar contentamento sobre o Criador, isto é sua alegria. Porém, de onde veio ela até ele para sentir a importância do Criador? Isto acontece através da luz do Shabat. É por isso que ele diz, "desanso e alegria." Isso vem com a chegada da "luz dos judeus," pois o Shabat brilha somente para os judeus, enquanto que para os idolatras, a luz do Shabat não chega.
Isso assim não é nos dias de semana. Nessa altura, isso é chamado "Shechiná [Divindade] no exílio," quando a importância do Criador não ilumina, que é vantajoso servi-Lo. Isto é chamado "Shechiná na poeira." Tal como a poeira é sem importância, também O servir é. Nessa altura, nós temos grande trabalho se queremos trabalhar somente em prol de doar, pois o corpo concorda que "Uma vez que tu não sentes a importância do Criador, trabalha para ti mesmo," ou seja somente por recompensa.
Por outras palavras, tu deves sempre ter na tua mão pelo que estás a trabalhar e não abdicar de qualquer auto-recepção quando provas o sabor do prazer, pois isto determina quanto podemos desfrutar do que estamos a fazer e do que não desfrutamos, para quê trabalhar para isso? Portando, o corpo argumenta, "Por que deves trabalhar e te esforçar e abdicar do benefício pessoal e trabalhar pelo bem do Criador, ou seja trazer contentamento ao Criador?"
Com isto vamos entender aquilo que disseram nossos sábios, sobre aquilo que disse a pomba, "Eu prefiro meus alimentos tão amargos como uma azeitona nas mãos do Criador que tão doces como o mel nas mãos dos de carne e osso." Aparentemente, isto contradiz aquilo que disseram nossos sábios, "Quando uma pessoa precisa das pessoas, sua face muda como o crómio. Foi dito, 'tal como quando coisas perversas se tornam elevadas aos olhos das pessoas,'" etc. Significa isto que se a nutrição for colocada nas mãos dos de carne e osso, ou seja que a pessoa deve receber seu alimento das pessoas, isso não é doce. Pelo contrário, sua face muda como o crómio, etc.
Também, na bênção pela comida, dizemos que abençoamos o Criador então pedimos e dizemos-Lhe: "E por favor não nos faças necessitar, o Senhor nosso Deus, não do presente dos de carne e osso e nem do seu empréstimo, mas somente da Tua mão cheia," etc. Significa isto que se os alimentos estiverem dependentes dos de carne e osso, eles não são doces. Em vez disso, precisamente quando estão nas mãos do Criador, significa isso que são doces. Mas aqui a pomba disse precisamente o oposto, que da mão do Criador são tão amargos como uma azeitona e da mão dos de carne e osso são doces como o mel. Mas vemos o oposto da realidade que a pomba descreveu.
Devemos entender aquilo que disse a pomba, que nas mãos do Criador, eles são tão amargos como uma azeitona. Por que devem os alimentos ser tão amargos como uma azeitona nas mãos do Criador? Uma vez que a pomba disse isto, isso significa que há tal realidade, então por que será assim, ou seja por que criou o Criador tal realidade?
Para entender o citado, devemos primeiro entender o significado de "nas mãos do Criador" e "das mãos dos de carne e osso" e o significado de "comidas."
"Comidas" são aquilo que alimenta o homem. Através da recepção de comidas, ou seja que as comidas com que o homem se alimenta vêm em vários tipos de prazer tais como comer, beber, dormir, dinheiro e honra. Todas essas coisas lhe dão satisfação e ele diz que por essas comidas que ele obteve em prol de sustentar o seu corpo, ele diz que é vantajoso viver em prol de obter essas nutrições que o sustentam se ele receber aquilo que ele quer. Quando ele calcula, depois de ter calculado todas as coisas que ele desejou, ele diz que foi vantajoso ter sido criado e que é vantajoso viver.
Também, nós [vemos] que habitualmente, embora a pessoa tenha muitas coisas e de nada careça e ela tem abundância, ainda assim ela nada tem do qual se sustentar. Vemos que há pessoas muito ricas no mundo que ainda assim não desfrutam das suas vidas e nada têm com o qual se sustentar.
O motivo é apresentado na introdução ao Zohar, que qualquer prazer que a pessoa receba é precisamente das coisas pelas quais ela deseja. Na medida do desejo, tal é sua capacidade de desfrutar, não mais e não menos. A medida do prazer de uma refeição é na medida da fome e não há prazer de beber mais do que ela tem sede, como disseram nossos sábios, "Aquele que bebe água quando tem sede diz, 'Tudo é feito pela Sua palavra' [a bênção pela água],” pois então, quando ela desfruta, ela pode dar graças pelo prazer. Também, há prazer do repouso somente segundo o trabalho.
Portanto, os muito ricos, que não carecem de coisa alguma para que tenham alguma coisa pelo qual desejar pois dado que têm abundância, pois há desejo somente onde há uma carência e eles não desfrutam sequer do repouso porque eles não trabalham, uma vez que têm muitos gestores para todos os seus negócios e têm bastante para comer e beber, bem como belas roupas e casas imponentes e assim por diante, por serem desprovidos de desejo, eles são desprovidos de prazer. Nada os consegue alimentar e eles são considerados pobres porque não têm comidas.
Agora vamos clarificar o sentido daquilo que disse a pomba, "Eu prefiro que minhas comidas sejam tão amargas como uma azeitona nas mãos do Criador, que tão doces como o mel nas mãos dos de carne e osso."
A questão é que quando uma pessoa começa a trabalhar em prol de fornecer alimentos para si mesma, há duas opções para isso: 1) As comidas estarão nas mãos do Criador, como disseram nossos sábios, "Israel sustentam seu Pai nos céus." Por outras palavras, ela decidiu que todas suas comidas, que o homem desfruta, são que ela quer doar contentamento ao Criador, que ela está em Dvekut [adesão] com o Criador, chamado de "equivalência de forma," como em "Tal como Ele é misericordioso, também tu sê misericordioso." Sucede-se que a sua alimentação é que ela quer que as suas comidas sejam colocadas nas mãos do Criador e quando ela sente que está a trabalhar inteiramente para doar, isto é chamado "nas mãos do Criador" e as mãos dos de carne e osso não chegam lá. "Mão" significa um vaso de recepção. Quando todo o seu trabalho entra no Kli [vaso] do Criador e não nos seus próprios vasos de recepção, chamados "amor próprio," é considerado que sua alimentação está nas mãos do Criador.
Agora vamos explicar por que é que quando suas comidas estão nas mãos do Criador, elas são tão amargas como uma azeitona. Uma vez que "pela mão do Criador" significa em prol de doar e dado que isso é contra a natureza, pois a natureza com que nascemos é somente para receber, quando a pessoa quer trabalhar contra a natureza, seu corpo resiste a este trabalho.
Em vez disso, o corpo quer que os alimentos estejam nas mãos do homem, pois as mãos dos de carne e osso são chamadas amor próprio, chamado "receber em prol de receber." Este é o significado daquilo que disse a pomba, "tão doces como o mel nas mãos dos de carne e osso," pois onde a pessoa vê que o trabalho que ela está a fazer vai produzir nutrição, ou seja prazeres, que alimentam sua vontade de receber, isto é chamado "nas mãos do homem," onde as comidas são tão doces como o mel porque elas vão para as mãos dos de carne e osso.
E enquanto ela quer somente virar a ordem da vida completamente de pernas para o ar, ou seja que se anteriormente, tudo aquilo que ela queria e pensava era deleitar sua vontade de receber, agora ela quer abdicar de todos seus prazeres se ela vir que eles vêm com a meta de benefício pessoal. Embora ela ainda naõ tenha alcançado este grau de desejo de doar, mas só pensa nele, o corpo já começa a traí-la e não quer dar-lhe a força para trabalhar. Depois, quando ela começa a ir contra o corpo, ela prontamente começa a sentir o sabor amargo no seu trabalho.
A pomba disse que ela concorda com isso embora ela prove um sabor amargo, dado que essa é a verdade, ou seja que este é o caminho verdadeiro para alcançar a meta pelo qual este mundo foi criado, que é fazer o bem para Suas criações e a pessoa não consegue alcançar este grau antes de ela ter sido recompensada com equivalência de forma chamada "em prol de doar contentamento ao Criador". Inversamente, o ponto da Tzimtzum [restrição] repousa sobre ela, que é a ocultação da face do Criador.
Foi por isso que a pomba disse que ela quer a sua nutrição, ou seja o seu prazer, para que ela se consiga concentrar em como de todo o seu trabalho ela seja recompensada com tudo ir para as mãos do Criador e não para a auto-recepção, dado que isto a remove da meta para a qual ela foi criada. Assim, durante o trabalho, quando a pessoa prova um sabor amargo e é impossível trabalhar sem superar em subidas e descidas, esse tempo continua até que a pessoa recebe ajuda do alto, como disseram nossos sábios, "Aquele que vem para se purificar é ajudado." Pergunta o Zohar, "Como é ajudado?" Com uma sagrada alma, ou seja que lhe é dada a luz da Torá chamada "a luz nela a reforma." Nessa altura, não há mais trabalho com o seu corpo porque todas as forças que resistem ao Criador se anulam ante a luz superior.
Por esta razão, quando a luz do Shabat chega, quando a pessoa começa a sentir a sua alma adicional, todas as forças que se opõem ao Criador são revogadas, para que não haja mais espaço para o trabalho. Sucede-se que ela está em repouso. Isto é chamado "repouso e alegria." De onde vem isso? Da "luz para os Judeus," quando a luz que pertence aos Judeus brilha sobre ela, ou seja que esta luz que vem do alto torna a pessoa Judia.
Inversamente, as nações do mundo, que "Todo o bem que elas fazem, elas fazem por si mesmas," ou seja em prol de receber, a luz que vem para assistir e pela qual elas podem alcançar a direcção de doar, elas não a querem ou que se pareça, dado que elas a consideram como a morte. Assim, quando a luz do Shabat chega, ela é repouso e alegria somente para os Judeus.