"Disse Rabi Yitzhak, 'Se há serpentes e escorpiões nele [no fosso], por que está escrito sobre Rúben, 'Para salvá-lo das suas mãos, para o devolver ao seu pai'? Será que Rúben não temeu por ele, que essas serpentes e escorpiões o pudessem prejudicar? ...Mas Rúben viu que enquanto ele estava nas mãos do seu irmão, o dano era certo, pois ele sabia quanto eles o odiavam...' Por causa disso, num lugar de cobras e escorpiões, se ele é justo, o Criador fará um milagre para ele. E por vezes o mérito do seu pai assiste a pessoa e ela é salva deles. Mas assim que a pessoa é dada aos seus inimigos, só alguns conseguem sobreviver" (O Zohar, VaYeshev, Itens 130-132).
Devemos entender por que "assim que a pessoa é dada aos seus inimigos" o Criador não faz um milagre para ela. Sobre salvar, encontramos duas condutas: 1) onde se encontra o dano, 2) onde o dano não se encontra.
Sobre os animais, alguns prejudicam por apetite e não para enraivecer. Mas certamente, devemos discernir entre os malfeitores, que eles assim são devido a sua natureza, ou seja que é natural para os animais magoarem as pessoas. Isto é, eles têm um desejo natural de caçar qualquer ser vivo.
Inversamente, com um inimigo, ele tem todo o poder e energia somente para essa pessoa, pois somente ela quer o inimigo prejudicar. Sucede-se que toda a raiva nele é descarregada nessa pessoa. É por isso que é considerado "onde o dano se encontra." Aqui, não dependemos de milagres.
Inversamente, com as cobras e escorpiões, que não têm um interesse especial nessa pessoa, isto não é considerado "onde o dano se encontra" e lá pode haver um milagre.
Há uma diferença onde se a energia do homem é gasta em muitas coisas, pois então ele gasta alguma da energia em algumas das coisas, em vez de toda sua energia ser gasta em uma única coisa.
A segunda conduta é que os animais não têm livre arbítrio mas fazem aquilo que a natureza os obriga a fazer. Sucede-se que eles são mais próximos do Dono da natureza; eles caminham e se comportam segundo aquilo que o Criador imprimiu neles. Uma vez que eles estão nas mãos do Criador, o Criador pode fazer com eles como Lhe agradar, ou seja lhes dar uma natureza para não caçarem agora.
No inverso, o homem tem livre arbítrio. O Criador permitiu ao homem sentir que é capaz de fazer e agir independentemente do Dono da natureza. Assim, não se pode dizer que o Criador coloque compaixão no coração do inimigo, uma vez que o homem é o operador.
Acontece que se o Criador faz um milagre para ele, com isto Ele tira do inimigo a escolha. Mas isso é diferente dos animais, que não têm escolha, mas que actuam segundo aquilo que o Criador imprimiu neles, ou seja que o Criador é o operador. Portanto, agora Ele pode mudar a natureza deles.
Baruch Shalom HaLevi Ashlag (O Rabash)