Artigo Nº 32, Tav-Shin-Nun-Alef, 1990/91
O Midrash Rába diz sobre o versículo (Números, Porção 2), "Cada homem pela sua própria bandeira." "Está escrito, 'Nós cantaremos Tua salvação e no nome de nosso Deus montaremos nossas bandeiras.' Disseram Israel para o Criador, 'Nós cantaremos na Tua salvação, que Tu fizeste por nós em Teu nome; nós cantaremos na Tua salvação e nesse dia, o Senhor salvará Israel.' Está escrito, 'salvará', como se Israel fossem salvos e como se Ele fosse salvo. 'E em nome do nosso Deus montaremos nossas bandeiras,' pois o Criador estabeleceu Seu nome em nosso nome e nos fez bandeiras, como foi dito, 'Cada homem pela sua própria bandeira.' Rabi Isachar diz, 'E sua bandeira sobre mim é amor.' Até a pessoa que se senta e se engaja na Torá e salta de regra em regra e de versículo em versículo, diz o Criador, 'Eu sou afeiçoado a ele e a sua bandeira sobre Mim é amor e seu salto sobre Mim é com amor.'"
Devemos entender o seguinte:
1) O que significa que o Criador estabeleceu Seu nome em nosso nome?
2) Por que está escrito "salvará," como se Israel fossem salvos e como se Ele fosse salvo (sobre o que está escrito, "salvará," é interpretado que o significado é "e serão salvos").
3) "Saltar de regra em regra." É sabido que o nome do Criador é o Bom e Benevolente. Ou seja, Ele quer sempre doar sobre as criaturas deleite e prazer, motivo pelo qual Ele criou nas criaturas o desejo de querer sempre receber deleite e prazer. Respectivamente, há uma pergunta, Por que é que as criaturas não sentem o deleite e prazer, mas em vez disso o mundo inteiro sofre de falta de prazer e satisfação na vida, pois toda a pessoa sensível pergunta, "Qual é o sentido das nossas vidas?"
A resposta é que o Criador fez uma correcção para que quando recebêssemos o deleite e prazer do Craidor, não sentíssemos vergonha por isso, que deriva da disparidade de forma entre o receptor, que é a criatura e o Criador, que é o dador. A correcção é que antes da pessoa ter o desejo de doar, que é em prol de estar em equivalência de forma, é impossível receber a verdadeira abundância que o Criador quer conceder sobre as criaturas.
E uma vez que o desejo de doar é contra a natureza humana, aprendemos que há setenta nações do mundo dentro do homem. Por outras palavras, cada pessoa é um pequeno mundo, como está escrito no Zohar e a qualidade de Israel no homem está sob o governo das nações do mundo. Isto é considerado que o povo de Israel está exilado entre as nações, quando não têm a força para irem contra o desejo das nações do mundo. Por esta razão, o povo de Israel pede ao Criador para os libertar do exílio em que se encontram entre as nações, ou seja para serem capazes de trabalhar pelo bem do Criador.
Também, disseram nossos sábios, "Israel exilados, a Shechiná [Divindade] está com eles." Devemos interpretar isto do jeito que Baal HaSulam falou sobre aquilo que disseram nossos sábios, "Um discípulo que está exilado, seu professor está exilado com ele." Ele disse que isto significa que quando o discípulo está no exílio, ou seja que sofre uma descida, aos seus olhos, seu professor está também numa descida. Ou seja, quando a pessoa está numa descida, ela não tem sabor na Torá e na oração, isso é porque seu professor está exilado com ela, ou seja que todas as questões de Kedushá [santidade] estão em declínio nela, também e ela olha para tudo como se não houvesse importância em coisa alguma espiritual. Isto é considerado que a espiritualidade está também no exílio.
Com isto devemos interpretar que quando Israel estão no exílio, ou seja numa descida e as nações do mundo controlam a pessoa (e as nações do mundo são geralmente chamadas "vontade de receber para o benefício pessoal") então o Criador também está exilado deles. Por outras palavras, eles não têm importância do Criador, uma vez que se eles tivessem importância da grandeza do Criador, elas não seriam capazes de governar a Israel nele.
Como é sabido, Israel significa Yashar-El [direito ao Criador], quando todas as acções da pessoa são direito ao Criador. Mas com o seu controle, elas fazem todas as acções da pessoa serem somente para seu próprio bem. Isto é chamado "pelo bem da vontade de receber e não pelo bem do Criador." Sucede-se que quando a qualidade de Israel está exilada, o Criador está exilado com eles, também, ou seja que o desejo de doar está no exílio e aquele a quem eles querem doar está no exílio, como está escrito sobre aquilo que disse Faraó, "Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz?" Ou seja, ele negou a grandeza do Criador e não permitiu acreditar na grandeza do Criador, para que a qualidade de Israel estivesse exilada dentro deles.
Segundo o citado, podemos interpretar aquilo que questionávamos, Por que diz ele que é "como se Israel fossem salvos e como se Ele fosse salvo"? Ou seja, qual é a conexão entre a redenção de Israel e a redenção do Criador? Segundo o citado, acontece que o exílio de Israel e o exílio do Criador são o mesmo, dado que quando a pessoa alcança e sente a grandeza do Criador, as nações do mundo não têm controle e são anuladas ante Ele. Assim, sucede-se que o inteiro exílio é que não conhecemos a Sua grandeza.
Na questão da ocultação que a pessoa sente, que a faz estar no exílio, a pessoa deve saber que ela deve corrigir suas acções para que elas sejam em prol de doar. Inversamente, haverá vergonha. Assim, deve haver ocultação e esconderijo sobre a luz superior. Na medida da sensação do mal, quando a pessoa vê quão imersa ela está no amor próprio, a essa medida ela vê que está longe de Kedushá [santidade]. Ou seja, ela vê que está longe de fazer coisa alguma pelo bem do Criador e ela está sob o governo das nações do mundo, enquanto a qualidade de Israel nela está completamente impotente para sair do seu exílio.
Por esta razão, quando Israel nela sai do exílio e é recompensada com a redenção, o Criador, também que estava coberto de ela durante o exílio por causa do governo das nações, agora aparece e a grandeza do Criador se torna revelada. Isto assim é pois agora não há mais necessidade da Tzimtzum [restrição] e ocultação, dado que a Tzimtzum foi levantada dela, segundo a regra, "Na medida que a pessoa quer direccionar para doar, a essa medida a Tzimtzum e ocultação são removidos dela." Este é o significado do versículo, "Nós cantaremos Tua salvação e nesse dia, o Senhor salvará Israel. Está escrito, 'salvará,' como se Israel fossem salvos e como se Ele fosse salvo."
Também, devemos interpretar aquilo que questionávamos, "O que significa que está escrito, "Nós cantaremos na Tua salvação," uma vez que nós cantamos na Tua salvação que Tu fizeste por nós em Teu nome"? O que é o nome do Criador, que criou a criação? Seu nome é Bom e Benevolente, cujo desejo é doar. Por causa disso, Ele criou nas criaturas um desejo de receber, ou as criaturas não seriam capazes de provar o sabor do deleite e prazer, uma vez que vemos que sem desejo e anseio é impossível desfrutar de coisa alguma.
Todavia, ao mesmo tempo, o Criador quis que não houvesse vergonha enquanto recebendo o deleite e prazer. Por esta razão, Ele quer que nós recebamos tudo em prol de doar. Dado que isto é contra a natureza que Ele criou em nós (um desejo de somente receber e não doar) quando queremos trabalhar em prol de doar, nós somos impotentes para fazer isso. Assim, quando recebemos este poder, chamado "o nome do Criador," ou seja que nós, também, conseguimos trabalhar em prol de doar sobre o Criador, isso é considerado que o Criador nos deu uma segunda natureza (como disse Baal HaSulam sobre isto, que quando o Criador dá à pessoa o desejo de doar, isso é chamado "uma segunda natureza").
Esse é o significado do versículo, "Israel disse para o Criador, 'Nós cantamos em Tua salvação,que Tu fizeste em Teu nome.'" Ou seja, nós cantamos com a salvação que Tu nos deste o desejo de doar, que é chamado "o nome do Criador," que é o Dador. Ele nos deu este nome, ou seja que agora nós, também, podemos realizar acções de doação.
Está escrito, "E em nome do nosso Deus nós montaremos nossas bandeiras," pois o Criador estabeleceu Seu nome em nosso nome e nos fez bandeiras." Isto significa que agora nós apoiamos o nome do Criador, cujo nome é "desejo de doar." Esta é nossa salvação, que o Criador estabeleceu Seu nome, que é o desejo de doar, em nosso nome, pois o Criador está implicado no nome, Israel, também, ou seja Yashar-El, significando que todas as acções de Israel são direito ao Criador e não pelo benefício pessoal. Isto é considerado que o povo de Israel apoiam o nome do Criador e esta é a salvação do povo de Israel.
Segundo o citado, devemos interpretar o que está escrito, "Rabi Isachar diz, 'E sua bandeira sobre mim é amor.' Até uma pessoa que se sente e se engaje na Torá e salte de regra em regra e de versículo em versículo, seu saltar sobre Mim é com amor." Devemos interpretar que o significado de saltar é que o homem foi criado com um desejo de receber e não consegue trabalhar em prol de doar. Foi por isso que nossos sábios disseram, "A pessoa sempre se deve engajar em Torá e Mitsvot [mandamentos/boas acções] até se for Lo Lishma [não em Seu nome], uma vez que de Lo Lishma ela chega a Lishma [pelo Seu nome]” (Pesachim 50b).
Sucede-se que a pessoa está obrigada a trabalhar em Lo Lishma uma vez que ela nasceu desta maneira na sua natureza. E ainda assim, o Criador salta o seu estado de Lo Lishma e deixa-a entrar em Lishma. Acontece que através da assistência do Criador, há a questão de saltar aqui, ou seja que a pessoa salta sobre tudo aquilo que está na sua natureza (fazer tudo pelo seu próprio bem) e começa a trabalhar pelo bem do Criador. Isto é chamado "e seu saltar sobre Mim é com amor," onde por causa do amor que o Criador nos ama, Ele nos deu bandeiras. Por outras palavras, das regras em que a pessoa se engaja em Lo Lishma, o Criador nos dá o poder de saltar o grau de Lishma.
Este é o sentido das palavras "de versículo em versículo," ou seja que a pessoa começa o versículo em Lo Lishma e prontamente salta o Lo Lishma e alcança o grau de Lishma. Está escrito, "Eu sou afeiçoado a ele e sua bandeira sobre Mim é amor e seu saltar sobre Mim é com amor." Isto significa que por causa do amor, o Criador nos deu o poder para saltar o Lo Lishma e chegar a Lishma.
Este amor é considerado que a pessoa começa a trabalhar em Lo Lishma e o povo de Israel desejou trabalhar pelo bem do Criador mas não conseguia. Assim, com o desejo que eles queriam trabalhar pelo bemd o Criador mas não conseguiam, esse desejo evocou amor do alto e o Criador lhes deu o poder para trabalharem em Lishma. Este é o significado daquilo que está escrito, "O Criador disse para eles, 'Como desejaram fazer bandeiras, em verdade, Eu concedo vossos desejos.'"
Significa isto que o povo de Israel desejou o discernimento de "bandeiras," ou seja ser capaz de saltar o trabalho de Lo Lishma e alcançar Lishma e viram que não podiam alcançar isto sozinhos. Assim, eles fizeram um despertar de baixo, que é que eles o desejavam e disseram, "Quando seremos capazes de saltar o trabalho pelo nosso próprio benefício e chegar ao trabalho pelo bem do Criador?" Com este desejo, eles evocaram amor do alto e é por isso que está escrito, "O Criador disse para eles, 'Como desejaram fazer bandeiras, em verdade, Eu concedo vossos desejos.'" Porque eles desejaram bandeiras, ou seja saltar o trabalho pelo seu próprio benefício, o Criador concedeu os seus desejos.
Assim acontece que o cerne do trabalho do homem é chegar ao trabalho pelo bem do Criador, embora devamos começar a trabalhar em Lo Lishma. Contudo, devemos desejar que o Criador nos ajude e nos dê o poder para trabalhar em Lishma, ou seja que todas suas acções serão em prol de doar contentamento ao seu Fazedor. Ou seja, a pessoa deve aceitar o fardo do reino dos céus sem esperar receber recompensa disso, nomeadamente não para exigir com isso, que isso requer que nos dêem alguns alimentos em retorno, para que possamos dizer que em troca por receber daí, é vantajoso trabalhar para isso.
Em vez disso, tudo é acima da razão, pois esta é uma lei. Por outras palavras, Malchut é chamada "uma lei" e nós não conseguimos entender como é possível trabalhar sem uma recompensa, ou seja sem receber quaisquer alimentos daí. Se assim é, de onde teremos alimentação? Como podemos trabalhar sem receber qualquer coisa em troca, para nos alimentar e nos permitir nos sustentar?
A resposta está também acima da razão, ou seja que devemos pedir ao Criador para nos dar o poder para trabalhar alegremente em prol de doar e não receber qualquer retribuição. Mas como pode tal coisa ser feita, uma vez que é inconcebível para nós entendermos dois opostos no mesmo sujeito?
Por um lado, não queremos coisa alguma em retorno. Em vez disso, aceitamos o reino dos céus sem que ele nos dê quaisquer alimentos. Mas como podemos viver sem qualquer vitalidade, uma vez que não pedimos quaisquer alimentos?
Por outro lado, nós queremos que o Criador no sustente. Mas com o que queremos que Ele nos sustente se não queremos coisa alguma pelo nosso trabalho? A resposta é que é verdade que nada queremos em retorno, mas queremos que o Criador nos dê o poder para trabalharmos para que não recebamos qualquer recompensa.
Como pode isto ser? Esta coisa pertence a Ti. Ou seja, Tu nos farás um milagre para que possamos trabalhar sem qualquer recompensa. Porque isso está acima da razão, não fazemos ideia do que Te dizer sobre como deves Tu nos sustentar. Em vez disso, Tu nos vais sustentar acima da nossa razão e nós queremos avançar acima da razão, embora não exista tal coisa dentro do intelecto do homem.
Acontece que nosso trabalho é acima da razão e queremos que nosso alimento também seja acima da razão. Acima da razão significa por milagre. Acontece que estamos a pedir ao Criador para nos sustentar de maneira milagrosa e não de maneira natural. Da maneira natural, quando a pessoa trabalha, ela quer sustento pelo esforço. Mas aqui, no trabalho, a pessoa quer que lhe seja dado sustento não por causa do seu trabalho, mas por motivo de milagre, ou seja não da maneira natural.
Respectivamente, devemos interpretar aquilo que disseram nossos sábios (no princípio de Bahar), "No Monte Sinai significa, qual é a conexão entre a Shmitá [remissão do cultivo da terra em cada 7 anos] e o Monte Sinai"? No trabalho, devemos interpretar que é sabido que Malchut é chamada Shmitá e Malchut é também chamada Eretz [terra], uma vez que Malchut é a sétima Sefirá (pois o mundo começa com Chésed, como está escrito, "Pois Eu disse, 'Um mundo de Chésed [misericórdia] será construído'" e Malchut é a sétima Sefirá de Chésed).
Significa isto que é proibido pedir a Malchut para produzir fruto. Ou seja, é proibido lavrar a terra para que ela dê fruto. "Lavrar a terra" significa trabalhar quando queremos que ela dê fruto; inversamente, quem lavraria a terra sem que ela desse fruto? Por outras palavras, o trabalho significa que a pessoa trabalha e em retorno pelo trabalho, ela é recompensada. Ou seja, ela não desfruta do trabalho. Mas se assim é, se ela não desfruta do trabalho, por que trabalha ela? Deve ser que ela quer receber a recompensa.
Por esta razão, se uma pessoa assumir sobre si o fardo do reino dos céus e não quiser qualquer recompensa, esse é um sinal que ela não está a lavrar a terra, dado que ela não quer que Malchut de alguma maneira a recompense. Isto é chamado Shmitá [remissão], ou seja que ela não está a lavrar a terra para receber recompensa.
Mas quando ela realmente trabalha em prol de receber recompensa, isso é chamado "lavrar a terra." No trabalho, isso é considerado fazer "remissão do solo," ou seja que ela não toca sequer no solo de todo. Para ela o solo é considerado "a terra terá um Shabat [repouso/quietude] para o Senhor."Isto implica que a terra inteira, ou seja o reino dos céus, é todo para o Criador e a vontade de receber não tem contacto com a Malchut, chamada Eretz e Shmitá.
Com isto podemos explicar a questão, "Qual é a conexão entre Shmitá e Monte Sinai?" Isto significa que todas as Mitsvot [mandamentos/boas acções] devem ser observadas numa conduta de Shmitá, ou seja que a intenção na observação das Mitsvot deve ser como em Shmitá, que é a conduta de "a terra terá um Shabat para o Senhor." Por outras palavras, nós observamos as Mitsvot do Criador com a direcção de não receber qualquer recompensa do trabalho, mas em vez disso que o inteiro reino dos céus que a pessoa assume sobre si e pelo qual ela observa as Mitsvot do Criador, seja todo numa conduta de Shmitá, ou seja com a meta de doar e não receber qualquer retorno.
Segundo o citado, devemos interpretar o que está escrito Levítico 25:20-21), "E se disseres, 'O que comeremos no sétimo ano e Eu ordenarei Minha bênção para vós no sexto ano.'" Devemos interpretar a questão no trabalho. Porque devemos aceitar o reino dos céus sem qualquer recompensa, ou seja que a pessoa não diz, "Eu aceito sobre mim o reino dos céus sob condição que Tu me darás um bom sabor no trabalho e na oração, bem como na observação das Mitsvot e se eu receber uma recompensa em retorno, estarei disposto a fazer o trabalho sagrado."
Mas se tudo é pelo Criador, como podemos nós trabalhar acima do sabor e acima da razão? De onde comeremos? Ou seja, de onde receberemos alimentos para viver num trabalho onde nada temos em retorno? Isto é oposto ao intelecto! No nosso intelecto, entendemos que se Malchut, chamada Eretz, der algum sabor no trabalho, com este sabor que vamos sentir, teremos alguma coisa para comer. Por outras palavras, este sabor que sentimos é chamado "alimentos." mas enquanto nos é proibido comer no sétimo, ou seja nos é proibido exigir recompensa de este trabalho, de onde vamos tirar alguma coisa para comer?
A resposta é, "Eu ordenarei Minha bênção para vós no sexto ano."A sexta Sefirá é Yesod, chamada "o justo Yesod." "Justo" significa doar. Trabalhando somente em prol de doar, também, haverá equivalência de forma entre Malchut e a Yesod e disto a bênção será propagada. Mas se for ao contrário e você receber Malchut em prol de receber, sito vai causar-lhe separação na raiz das nossas almas, que é Malchut, chamada "a assembleia de Israel," a colecção de todas as almas, a tornando separada. Portanto, a Yesod não será capaz de doar sobre a Malchut por causa da disparidade de forma entre eles.
Portanto, precisamente na manutenção da Shmitá, ou seja somente desta maneira, Eu vos digo, "Eu ordenarei Minha bênção para vós no sexto ano." Por outras palavras, somente quando mantiveres a Shmitá e não tiveres desejo de receber em vocês, mas em vez disso especificamente em prol de doar, há espaço para a equivalência de forma entre Yesod, que é o dador e Malchut, que é também corrigida pelos inferiores que observam a questão da Shmitá, de modo a não receber para nosso próprio benefício. Então há equivalência de forma e a bênção se pode expandir para Malchut.
Acontece que quando a pessoa quer trabalhar em prol de doar e sem qualquer recompensa o corpo pergunta, "De onde vais retirar vitalidade para o trabalho, se concordarmos trabalhar sem retorno?" A resposta deve ser que vamos acima da razão. Dentro da razão, nós não queremos responder, mas nosso trabalho é acima da razão e os alimentos que precisamos para o sustento durante o trabalho, são também acima da razão, ou seja como um milagre, dado que qualquer coisa que seja contra a natureza é considerada "milagrosa."
Logo, a inteira base do nosso trabalho quando queremos trabalhar em prol de doar é sem qualquer base de provisão, dado que não sabemos de onde vamos receber a força para trabalhar de modo a termos com que nos sustentarmos, ou seja termos alimentos e vitalidade enquanto ele se engaja na Torá e oração se ele não quer coisa alguma pelo seu próprio bem. Acontece que ele está a pedir ao Criador para lhe dar alimentos para viver na Torá e Mitsvot acima da razão e acima da razão significa contra a natureza e qualquer coisa que seja realização contra a natureza é considerado realizar milagres, sem qualquer base sobre a qual se apoiar.
Sucede-se que aqueles que querem trabalhar em prol de doar devem saber quando o corpo pergunta "O que vamos comer?" como está escrito, "E se disseres, 'O que vamos comer?" Ao corpo não deve ser dada uma resposta dentro da razão. Em vez disso, a resposta deve ser que o Criador nos dará a bênção, como está escrito, "e Eu ordenarei Minha bênção" e qualquer bênção é considerada um milagre, dado que quando tudo está em ordem, da melhor maneira, não há necessidade de bênçãos.
Mas vem o corpo e pergunta, "Disseram nossos sábios (Pesachim 64b), 'A pessoa não confia em milagres' e disseram também nossos sábios (Pesachim 50), 'Um milagre não acontece todos os dias.'" Sucede-se que todas as respostas que devemos responder ao corpo são acima da razão, ou seja dizer ao corpo, "Dentro da razão, tu estás correcto, mas eu vou acima da razão."