Artigo Nº 39, Tav-Shin-Nun-Alef, 1990/91
Está escrito no Zohar (Nasso, Item 174), "Este Mitsvá [mandamento/boa acção], que o sacerdote deve abençoar as pessoas cada dia apontando com os dedos, uma vez que os dedos implicam o superior, os cinco da direita são mais importantes que aqueles da esquerda, dado que a direita é mais importante que a esquerda. Portanto, na bênção que onde sacerdote abençoa as pessoas, a direita deve ser levantada mais alto que a esquerda."
Nós devemos entender o que é a "direita" no trabalho, o que é a "esquerda" no trabalho e por que a direita é mais importante que a esquerda.
É sabido que na ordem do trabalho do homem, quando ele quer alcançar Dvekut [adesão] com o Criador, que é equivalência de forma, ou seja fazer tudo em prol de doar, nós devemos fazer dois discernimentos: 1) um estado de plenitude, onde tudo aquilo em que ele pensa não tem carência, 2) um estado de carências, onde tudo aquilo que ele pensa e faz está cheio de carências.
Nós precisamos de ambos os estados. O estado de plenitude é em prol de receber vitalidade, alegria e prazer dos seus estados. Quando a pessoa sente carências em tudo aquilo que ela faz, ela não tem nada para continuar a viver, dado que o homem foi criado com uma natureza que ele deve receber prazer enquanto estiver vivo. Isto deriva do propósito da criação, que é por causa de "Seu desejo de fazer o bem às Suas criações." (Nas palavras do ARI, isto é chamado "Zivug [acoplamento] para sustentar os mundos," uma vez que sem vitalidade o mundo será cancelado. Assim, esta questão é chamada "Zivug perpétuo.") Isto pode ser somente se a pessoa estiver contente com pouco e estiver feliz com a parte que ela tem e disser que não merece mais que o resto das pessoas.
No trabalho, isto é considerado que ela diz que está feliz com sua parte, com o facto do Criador lhe ter dado um desejo e anseio para fazer alguma coisa em Kedushá [santidade]. Por outras palavras, ela está feliz por poder observar torá e Mitsvot [plural de Mitsvá] até sem qualquer entendimento e sem qualquer intenção. Ela diz que vê que há muitas pessoas que não têm sequer o pequeno pedaço de engajamento na Torá e no trabalho que ela tem. Quanto à corporalidade, a pessoa que quer, estar contente com pouco deve olhar para as pessoas que vivem felizmente embora não ganhem sequer metade do salário que ela ganha. Disto, ela pode ficar feliz com sua parte na corporalidade.
O mesmo é verdade para a espiritualidade. Ela está feliz com sua parte quando vê que há pessoas que não têm mão de todo na Torá e Mitsvot, enquanto ela está feliz por ter alguma mão na Torá e Mitsvot. Disto ela deriva vitalidade, ou seja ela consegue glorificar e louvar o Criador por lhe dar alguma mão sobre a Torá e Mitsvot. Nos devemos lembrar que a gratidão que a pessoa dá ao Criador, nessa altura ela está num estado de proximidade ao Criador porque a gratidão que ela dá é pelo presente e pelo passado. Sucede-se que ela consegue estar em plenitude.
Mas quando a pessoa reza que Ele concretize os desejos do seu coração, ela deve fortalecer-se durante a oração com fé que o Criador escuta a oração de toda a boca. Inversamente, sua oração não pode ser do fundo do coração, uma vez que ela deve acreditar que o Criador escuta de toda a boca. Disse Baal HaSulam que durante a oração, a pessoa deve acreditar no que está escrito, "Pois Tu escutas a oração de toda a boca," onde "toda a boca" significa que até uma boca que é indigna, ou seja cheia de carências e desprovida de méritos, ainda assim, o Criador ajuda a todos, somente se a pessoa rezar do fundo do coração, ou seja que ela acredita naquilo que está escrito, que o Criador escuta de toda a boca. Somente então pode a pessoa orar com todo seu coração, ou seja sem quaisquer dúvidas.
Acontece que quando a pessoa trabalha na conduta da "esquerda," ou seja olha e vê que está nua e indigente e quer que o Criador satisfaça os seus desejos, então é difícil para a pessoa acreditar que o Criador vai ajudá-la e ela precisa de grande fortalecimento para que possa rezar com todo seu coração. Por esta razão, a pessoa não recebe vitalidade da oração pelas carências uma vez que ela vive em dúvida. Isto é, ela vê que rezou várias vezes e é como se o Criador não escutasse sua oração. Portanto, é difícil para ela derivar vitalidade da oração.
Mas na conduta da direita, quando ela caminha no caminho da plenitude e está feliz com tudo aquilo que ela faz, do privilégio que ela tem do Criador a deixar fazer alguma coisa na Torá e Mitsvot, nessa altura é proibido olhar para as carências, uma vez que a pessoa recebe vitalidade somente da plenitude. Portanto, a pessoa deve fazer todo o esforço para ver que o Criador é completo com todas as virtudes e retratar para si mesma toda a descrição no mundo sobre como Ele conduz o mundo em absoluta perfeição. Como disse Baal HaSulam, a pessoa deve acreditar acima da razão que o Criador conduz o mundo em completo deleite e prazer, até um ponto que não há nada a acrescentar a isso. E embora a pessoa não consiga ver isto antes de ela alcançar o desejo de doar, ainda assim ela deve acreditar que isso assim é.
Assim se sucede que quando a pessoa percorre o caminho da plenitude e agradece ao Criador, ela já sabe se ela agradece ao Criador por ela já ter fé na grandeza do Criador a certa medida e que é por isso que ela agradece ao Criador, por o Criador convocar tão baixa pessoa como ela para O servir, ou seja para observar Suas Mitsvot. Por outras palavras, ela é capaz de observar alguma coisa em Torá e Mitsvot porque o Criador lhe deu um pensamento e desejo para fazer alguma coisa em Torá e Mitsvot e isto é considerado que o Criador convocou a pessoa e lhe disse, "Eu te dou permissão para entrar no palácio de Kedushá [santidade] para fazer algum serviço para Mim."
Sucede-se que a pessoa não tem dúvidas sobre a gratidão que ela dá pelo passado e pelo presente. Inversamente, se ela não for completamente acima da razão, ela é impotente para agradecer ao Criador. Respectivamente, uma oração é pelo futuro. Nessa altura, ela não sabe de certeza que o Criador a vai ajudar, dado que ela não consegue dizer coisa alguma sobre o futuro.
Acontece que embora a pessoa deva trabalhar na conduta da direita, bem como na conduta da esquerda e explicamos que "direita" significa plenitude, que deve ser perpétua, uma vez que somente da plenitude pode uma pessoa derivar vitalidade, mas da plenitude, a pessoa não consegue obter um nível mais alto porque ela não tem carência. Portanto, quem diz que ela deve ir em frente, que é considerado que ela deve obter um grau mais alto (que é chamado nas palavras do ARI, "um Zivug para gerar as almas" e este Zivug não é permanente mas somente durante uma subida).
Por outras palavras, plenitude significa que ela se engaja em Chésed [misericórdia/graciosidade], embora essa seja uma acção sem intenção, para ela é importante e ela está feliz com sua parte, uma vez que disto a pessoa recebe vitalidade. (Como foi dito acima, isto é chamado "um Zivug para sustentar os mundos," que é Chasadim [misericórdias], na conduta de "Pois Ele deseja misericórdia." Ela não precisa de coisa alguma e está feliz com sua parte e isto é chamado "um Zivug perpétuo.")
Porém, em prol de alcançar um grau superior, que é chamado "um Zivug para gerar as almas," uma vez que o significado de gerar as almas pode vir somente das carências e não da plenitude, isto é como está escrito no Zohar, "Aquele que vem para se purificar." Ou seja, quando a pessoa vê que ela é impura, ou seja que ela se encontra debaixo do governo da vontade de receber, que é a Tumá'a [impureza] dentro do coração do homem e ela faz tudo e não consegue sair do controle da vontade de receber, nessa altura ela reza para o Criador do fundo do coração para a ajudar. Depois aquilo que disseram nossos sábios, "Aquele que vem para se purificar é ajudado," se torna realidade. E o Zohar pergunta, "Com o quê?" E ele responde, "Com uma sagrada alma."
Portanto vermos que especificamente das carências nós conseguimos gerar uma alma, ou seja de uma oração do fundo do coração. Com isto podemos interpretar as palavras do ARI, que o Zivug para gerar as almas não é perpétuo mas é especificamente durante uma subida. Isto significa que se a pessoa quer subir para um grau mais alto cada vez e alcançar uma alma superior, ela deve procurar em si mesma uma carência para preencher. Isto é especificamente quando ela pede ajuda do Criador, lhe causando o nascimento de novas almas. Por outras palavras, especificamente quando ela não se acomoda por menos e sente a sua carência, isso lhe causa que lhe seja dado do alto mais de uma alma até que ela obtém as NRNCHY na sua alma.
Sucede-se que o caminho da direita, ou seja plenitude, deve ser perpétuo porque a pessoa deve fazer todas as coisas com vitalidade e das carências, a pessoa não tem alegria de modo a derivar vitalidade por estar carente. Por esta razão, a esquerda, que é uma carência, da qual a pessoa não deriva vitalidade, dado que quando a pessoa vê que está carente, com o que pode ela ser feliz? Assim, no geral, a pessoa sempre deve estar na linha direita. Somente algum do tempo ela está habituada a dedicar à Torá e ao trabalho, ela deve definir um tempo especial, em que ela não está numa descida mas especificamente quando ela está numa subida. Nessa altura ela estará certa que não vai cair para um estado de tristeza quando ela vir as suas carências.
Em vez disso, aí ela será fortalecida; ela será capaz de dar uma oração sentida, ou seja que a confiança de que o Criador escuta a oração de cada boca vai iluminar para ela durante a oração. Mas durante o resto das horas do trabalho, ela deve caminhar somente no caminho direito, dado que no caminho direito, ela está sempre em plenitude com o Criador. Assim, nessa altura ela recebe da Luz Circundante, como diz o ARI, que a Luz Circundante brilha de longe. Ou seja, disse Baal HaSulam que até quando a pessoa está longe ainda da equivalência de forma, ou seja quando a pessoa ainda não foi recompensada com o desejo de doar, a Luz Circundante ainda assim brilha para ela e disto a pessoa recebe vitalidade e alegria, enquanto que com a esquerda, é o contrário.
Segundo o citado, devemos interpretar o que está escrito (Números 26:53-54), "Entre estes a terra será dividida de uma herança. Aos grandes aumentarás a sua herança e aos pequenos diminuirás sua herança." Questionam os intérpretes da Torá, Se lá diz, "Aos grandes aumentarás sua herança," é óbvio que "aos pequenos diminuirás sua herança," por quê a repetição sobre os pequenos? Devemos interpretar isto no trabalho. No trabalho, é sabido que nós aprendemos tudo em uma só pessoa. Ou seja, "aos grandes aumentarás sua herança e aos pequenos diminuirás sua herança" se aplica à mesma pessoa.
Portanto devemos interpretar "grandes" e "pequenos." "Grandes" significa "plenos" e "pequenos" significa "carentes." Como aprendemos, a linha direita é chamada "plenitude," assim a linha direita é chamada de "grande," como se diz, "Qualquer mão que eu tenha no trabalho," ele acredita que o Criador lhe deu o pensamento e desejo para observar Torá e Mitsvot e ele diz que não é mais importante que o resto das pessoas. Em vez disso, tal como antes de ter começado a trabalhar na linha esquerda, ele tinha vitalidade e prazer no trabalho que fazia, ele sabia que era muito importante e que certamente receberia uma grande recompensa por isto, então agora que ele começou a caminhar na linha esquerda, ele deve estar num estado de humildade, como está escrito, "Sê muito, muito humilde." Por outras palavras, até depois de ele ter começado a caminhar na linha esquerda, para ver suas carências, que a linha esquerda lhe mostra, que ele recebeu do estado de "Seu coração era alto nos caminhos do Senhor," mas agora que trabalha num estado de direita, quando ele se deve baixar, isto é imenso trabalho pois elas são chamadas "dois escritos que se negam um ao outro" e isso assim não era quando ele caminhava em uma só linha.
Todavia, tais são os caminhos do Criador. A pessoa deve acreditar nos sábios que tal é a ordem do trabalho. Acontece que há uma grande diferença no trabalho entre seu trabalho ser na direita ou ser em uma só linha. Mas segundo aquilo que aprendemos, nós precisamos de duas linhas. Ambas não podem estar ao mesmo tempo no mesmo sujeito. Em vez disso, elas podem estar uma de cada vez.
Agora a questão será que se precisamos de duas linhas e devemos dedicar algum tempo à direita e algum tempo à esquerda, a questão é quanto do nosso tempo deve ser dedicado a caminhar na linha direita e quanto tempo deve ser dedicado a caminhar na linha esquerda.
Segundo o supracitado, devemos interpretar o que está escrito, "Para os grandes aumentarás sua herança." "Grandes" significa trabalho que é chamado "plenitude" e "linha direita", que é chamado "grande," ou seja plenitude. "Aumentarás sua herança" significa que você aumentará o tempo que dedica à linha direita, dando muito do seu tempo ao seu engajamento em Torá e Mitsvot.
Quando lá diz "E para os pequenos, diminuirás sua herança," "diminuir" significa decrescer, uma carência chamada "linha esquerda," onde a pessoa começa a contemplar o que ela ganhou quando abandonou a linha única e começou o trabalho de doação. ela vê que não só ela não avançou no trabalho, mas que ela até regrediu. Ou seja, agora ela não tem a vitalidade e alegria que ela tinha enquanto caminhava em uma linha. Apesar de ela orar para o Criador lhe dar o poder do desejo de doar, ela vê que rezou muitas orações para isto mas ela não está a ser atendida do alto, tantas vezes que ela quer fugir da campanha. Embora o trabalho da linha esquerda seja importante, pois o nascimento das almas vem especificamente da linha esquerda, ainda assim devemos acreditar na fé nos sábios que nos podemos engajar na linha esquerda precisamente num tempo de subida, pois então a pessoa está forte e consegue superar a esquerda através de oração. Mas somente por um curto tempo, como está escrito, "Aos pequenos diminuirás sua herança," onde "diminuir" significa que não dedicarás a isso tanto do teu tempo de trabalho.
Sucede-se que a palavra "pequenos" tem dois sentidos: 1) "pequenos tais como "carentes," como quando dizemos, esta pessoa tem um pequeno salário, 2) pequeno tempo.
Acontece que quando está escrito, "para os pequenos diminuirás" e "diminuirás" significa uma carência. Diminuir no trabalho da doação e "diminuir" é diminuir em tempo. Respectivamente, devemos interpretar o que significa que a direita deve ser maior que a esquerda no trabalho e também o que significa quando o Zohar diz que "o sacerdote abençoa as pessoas, ele deve levantar a direita mais alto que a esquerda." Devemos interpretar que "direita" indica plenitude, que é Chésed. Chésed significa que ela não precisa de coisa alguma senão dar. Portanto, quando a pessoa sente sua humildade e diz que o Criador está a fazer Chésed com ela ao lhe dar alguma posse na Torá e no trabalho, ela agradece ao Criador por isto.
Portanto, quando falamos no trabalho do sacerdote que abençoa as pessoas, dado que todas as questões são relativas à mesma pessoa, o "sacerdote" é um servo do Criador. Ele "abençoa as pessoas," ou seja a própria pessoa, chamada "as pessoas," no trabalho. Isto é como disseram nossos sábios (Sanhedrin 37), "Portanto, cada um deve dizer, 'O mundo foi criado para mim.'" Por esta razão, no trabalho aprendemos que o mundo inteiro está dentro de uma pessoa. "Ele deve levantar a direita mais alto que a esquerda," em prol de saber que a direita é mais importante que a esquerda, embora da esquerda sejamos recompensados com o nascimento de novas almas.
Todavia, quando a pessoa se engaja em carências, ela não consegue receber disto vitalidade. Por esta razão, ela deve trabalhar na direita, também. O Zohar vem para nos dizer que devemos dedicar a maioria do nosso tempo à direita. É por isso que ele diz que "o sacerdote deve levantar a direita acima da esquerda," uma vez que a direita é mais importante. E no Zohar (Pekudei, Item 683), ele diz, "O mais importante é que a esquerda não seja maior que a direita." Este é o significado daquilo que disseram nossos sábios (Yevamot 63), "Aquele de grau inferior recebe uma mulher” (uma pessoa deve descer do seu grau em prol de receber uma esposa).
Lá, ele fala das condutas dos graus nos mundos superiores. O que está em cima, nos graus superiores, é como o que está em baixo, no trabalho do homem, até antes da pessoa ser recompensada com a abertura dos olhos na Torá. Lá o significado de "esquerda" é quando a luz de Chochmá brilha, que é em vasos de recepção. Certamente, isto seria em prol de doar e ela ainda não recebeu a direita, que é luz de Chasadim. Ela é chamada "esquerda" porque todas as coisas onde haja uma carência são chamadas de "esquerda".
Nessa altura, o caminho da correcção é que a luz de Chasadim, chamada "direita," deve ser maior que a luz de Chochmá. Ou seja, a luz de Chochmá não deve ocupar mais que metade de um grau e a luz de Chasadim, que é a "direita" que guarda a luz de Chochmá para que ela permaneça em prol de doar, deve ser maior que a luz de Chochmá e este é o significado que o sacerdote, quando ele abençoa, deve levantar a direita acima da esquerda, ou seja que a Chésed deve ser mais importante que a esquerda.
Este é o significado daquilo que está escrito, "Este é o significado de 'aquele que é de grau inferior recebe uma mulher'". Isso significa que quando uma pessoa vem para receber a luz de Chochmá, que é Malchut, onde Malchut é chamada "Chochmá do fundo," ela não a deve recber no seu estado de Gadlut [grandeza/maturidade]. Em vez disso "grau inferior," ou seja quando a pessoa vem para receber a luz de Chochmá, chamada "mulher," que é Malchut, a pessoa deve tentar para que ela já esteja num estado de descida, ou seja que ela tenha somente metade daquilo que ela tinha. Nessa altura ela pode receber Chasadim e a Chasadim será mais que a Chochmá. Então as palavras "Aquele de grau inferior recebe uma mulher" se vão tornar realidade.
Segundo o supracitado, devemos interpretar o que está escrito (Sanhedrin 44b), “Rabi Elazar disse, 'A pessoa sempre deve preceder a oração ao apuro.'" Devemos interpretar que a pessoa não entra no trabalho da esquerda antes de ela primeiro ter trabalhado na conduta da direita, que é considerada plenitude, ou seja que ela não carece de coisa alguma e ela agradece e louva o Criador por lhe dar algum apoio no trabalho do Criador e depois ela começa o trabalho da esquerda. Nessa altura, ela vê que está em apuro, que ela não tem Torá nem trabalho que sejam adequados para aquele que serve ao Criador. Nessa altura, ela sente quão longe ela está do trabalho do Criador, ou seja de trabalhar para Ele, nomeadamente trabalhar somente com a meta de doar contentamento sobre seu Fazedor e não de todo para seu próprio benefício. Nessa altura, ela vê como o corpo rejeita isto e ela não vê que alguma vez seja capaz de fazer alguma coisa somente em prol de doar.
Sucede-se que quando ela começa o caminho da esquerda, isto é chamado "apuro" e ela não tem outra escolha senão rezar para o Criador a ajudar e lhe dar o desejo de doar, chamado "segunda natureza." Nessa altura, a oração é do fundo do coração e o Criador escuta a sua oração.
Respectivamente, devemos interpretar aquilo que disseram nossos sábios, "A pessoa sempre deve preceder a oração ao apuro," uma vez que é possível que quando ela chegue ao trabalho no estado da esquerda e ela vir o estado de humildade em que ela está, ela possa cair no desespero e queira fugir da campanha. Isto é chamado "apuro" e ela deve precedê-lo com oração, ou seja primeiro ver se ela terá a força para orar quando estiver num estado de apuro. Inversamente, ela não deve iniciar o trabalho na linha esquerda. Este é o significado daquilo que disseram, que o "sacerdote que abençoa as pessoas deve levantar a direita mais alto que a esquerda." Por outras palavras, a direita deve ser maior que a esquerda. Significa isto que ela deve esperar pelo momento certo para sair do trabalho da direita para o trabalho da esquerda.
Devemos lembrar que o trabalho da direita, que é chamado "plenitude," é o trabalho do público geral. Este é um trabalho na prática, ou seja que ela observa Torá e Mitsvot por causa do mandamento do Criador e em prol de receber recompensa neste mundo e no mundo vindouro. Isto é chamado "trabalho na prática." Mas a intenção de doar, que é chamada "o trabalho da esquerda," nisso ela não toca. Assim, a pessoa sente plenitude durante o trabalho.
Este trabalho de plenitude é chamado de "linha única." Esse mesmo trabalho de plenitude do público geral, quando ela começa a trabalhar com a intenção, essa mesma linha única, ou seja a prática do público geral, adquire um nome diferente: Agora é chamado de "linha direita." Assim, é agora difícil transitar para trabalhar na linha da plenitude da prática quando ela recebe um novo nome, "direita."