Traduzido de: Kabbalah for Beginners
O Rambam (Maimonides), um grande Kabbalista do século XII, escreveu que há milhares de anos atrás, quando a humanidade se encontrava profundamente imersa em idolatria, um homem não seguiu a corrente. O seu nome era Abraão, e hoje conhecemos-o como "Abraão o Patriarca." Abraão ponderou e pesquisou até encontrar a verdade: que o mundo só tinha um líder.
Quando ele descobriu isto, apercebeu-se que tinha descoberto a verdade eterna acerca da vida e correu para a partilhar com o mundo. Para clarificar esta mensagem, ele desenvolveu um método que o ajudou a explicar as suas percepções mais claramente. Desde então, o mundo tem um método para revelar esta verdade.
Hoje este método é tão valido como então e chamamos-lhe "a sabedora da Kabbalah."
No primeiro capitulo do seu livro, A Mão poderosa, Maimonides descreve que houve um tempo em que as pessoas sabiam que só existia uma força a governar o mundo. Ele explicou que depois de algum tempo, devido a um declínio espiritual, todos se esqueceram acerca dela. Em vez disso, as pessoas acreditavam que existiam muitas forças no mundo, cada uma com as sua responsabilidades. Algumas forças eram responsáveis por providenciar comida, outras serviam o propósito de nos ajudar a obter um casamento com futuro e ainda outras estavam encarregadas de nos manter ricos e saudáveis.
Mas um homem, que hoje conhecemos como Abraão, reparou que todas estas forças obedeciam às mesmas regras de berço e morte, florescimento e declínio. Para descobrir o que estas leis eram, ele começou a estudar a Natureza. A pesquisa de Abraão ensinou-o que só existia uma força e que tudo era uma manifestação parcial dela. Este foi o primeiro estágio da evolução espiritual da humanidade, assim que descobriu esta verdade, começou a espalhar a palavra. Desafiado por ter de explicar um conceito que contradizia tudo o que os seus contemporâneos acreditavam, Abraão foi forçado a desenvolver um método ou ensinamento que o ajudasse a revelar-lhes este conceito.
[Talvez uma das mais conhecidas tradições Indígenas é a do Concilio em Circulo. Aí, os membros do sentavam-se em circulo, cada membro expressando um aspecto diferente do mesmo tema. Similarmente, Abraão não queria ver as coisas apenas pela sua perspectiva. Queria vê-la através dos olhos de todos, então descobrindo a força una que fazia pessoas diferentes ver coisas diferentes.]
Este foi o protótipo do método de ensinamento a que hoje chamamos de "Kabbalah" (da palavra hebraica, Lekabel, receber). Hoje, a Kabbalah ensina-nos a descobrir a força que nos guia, e ao fazê-lo, receber alegria e prazer infinitos.
Iremos falar da descoberta de Abraão em maior detalhe mais tarde no livro, mas deve ser mencionado que a essência desta descoberta é que o universo "obedece" a uma força de amor e de dádiva. Esta força é o que Abraão e todos os profetas na Bíblia chamam de "O Criador."
Quando as figuras Bíblicas falam do Criador, ou do Senhor, ou Deus, elas falam não de um ser, mas de uma força de amor e dádiva, e como eles a percepcionaram. Se mantivermos isto em mente iremos perceber que o método da Kabbalah é muito claro e fácil de compreender.
A descoberta de Abraão não era coincidência. Chegou mesmo a tempo de contra-atacar uma explosão de egoísmo que ameaçou destruir tanto o amor como a união entre as pessoas, e entre a humanidade e o Criador.
Esta união era o modo de vida natural para a humanidade antes do tempo da Torre de Babel. É isto o que significa quando a Bíblia fala de, "E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala." (Génesis 11:1).
Todas as pessoas sabiam do Criador, a força de amor e dar e todos se união a ela. As pessoas sentiam-a como parte das suas vidas e não precisavam de trabalhar na sua união, como é feito hoje, porque não existia egoísmo que as afastasse uma das outras.
É por esse motivo que na Bíblia está escrito que eram de "uma mesma língua" e de "uma mesma fala."
Mas assim que o egoísmo das pessoas se começou a desenvolver, queriam usar a sua união para o seu proveito. Isto promoveu a preocupação do Criador. Colocando-o de forma diferente, a força do amor teve de agir para contrariar a separação causada pelo egoísmo da humanidade. Nas palavras do Génesis, "E o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; ... e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer." (Génesis 11:6).
Para salvar a humanidade do seu egoísmo, o Criador, a força una descoberta por Abraão, poderia fazer uma de duas coisas: dispersar a humanidade e prevenir um duelo catastrófico de interesses, ou ensinar as pessoas em como ultrapassar o seu egoísmo.
A ultima opção oferecia um beneficio óbvio: se as pessoas se mantivessem unidas apesar do seu egoísmo, não só iriam manter o seu modo de vida, mas também se uniriam ao Criador. Em outras palavras, os esforços de união, apesar do crescimento desenfreado do seu egoísmo iria forçar as pessoas a tornarem-se muito mais alinhadas e unidas tanto com o Criador como com cada uma.
Esta é uma ilustração deste principio: Imagine que é rico e que quer um Jaguar novo em folha. Isto não é grande problema; você simplesmente caminha até ao stand mais próximo e sai de lá a conduzir o carro dos seus sonhos. Quanto pensa que o seu prazer irá durar? Uma semana? Provavelmente até menos.
E quanto se iria preocupar com o seu novo Jag, que lhe requisitou nada mais que uma visita ao stand para o obter?
Mas se a vida não lhe corresse muito bem e tivesse de trabalhar dois turnos durante 2 anos a fio iria valorizar o seu carro.
O esforço que colocou para se "agarrar" a ele iria fazer daquele carro muito mais importante para si.
Este é o beneficio de criar um laço com o Criador apesar do egoísmo em crescimento. O egoísmo serve um propósito importante: existe para lhe dar algo por que lutar e ultrapassar, um "campo de treino" onde pode fazer esforços que irão fazê-lo apreciar a força do amor--o Criador.
Então o Criador revelou-se a Abraão para lhe mostrar como a humanidade poderia "praticar" e "trabalhar" em amar o Criador, e então tornar-se mais próxima a Ele. É também por este motivo que Abraão era um disseminador entusiasta deste método. Ele sabia que o tempo era fugidio: ou ele ensinava o seu povo a se unir criando um laço com o Criador--a força do amor--ou o seu egoísmo crescente iria aliena-los uns dos outros dispersando-os para se matarem uns aos outros.
[Pensamento de Abraão: ""Como é possível que esta roda gire sem um condutor? E quem a conduz? Afinal, ela não se pode conduzir a si mesma!' E ele não tinha um professor, e ninguém que lhe dissesse. Em vez disso, ele estava ... rodeado de idolatras, tolos. E o seu pai e a sua mãe, e todas as pessoas eram idolatras. E ele, também, adorava ídolos juntamente com eles. E o seu coração vagueou e percebeu, até que ele atingisse o caminho da verdade."
--Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Leis de Idolatria]
Tal como a Bíblia e outros textos antigos hebraicos nos ensinam, os Babilónios rejeitaram e escarneceram a oferta de Abraão. Abraão confrontou o seu rei, Nimrod, e provou-lhe que o seu método funcionava. Mas em vez de o adoptar, Nimrod tentou assassinar Abraão. Então, com a sua vida em jogo, Abraão fugiu da Babilónia e começou a ensinar o seu método enquanto vagueava "de cidade em cidade e de reino em reino, até que chegou à terra de Israel" (Maimonides, A Mão Poderosa, Leis de Idolatria, Capitulo 1)
Apesar das dificuldades e desafios, os ensinamentos de Abraão ganharam algum apoio e os seus seguidores ajudaram-o a partilhar este conhecimento com outros, preenchendo as fileiras com "novos recrutas." A seu tempo, o lutador solitário pela verdade tinha-se multiplicado, criando uma nação cujo nome, "a nação de Israel," simboliza a coisa que tinham em comum--o seu desejo pelo Criador. A palavra "Israel" é na realidade uma combinação de duas letras hebraicas: Yashar (directamente) e El (deus). As pessoas de Israel são aquelas que têm um desejo nos seus corações: o de se tornarem como o Criador, unidas por altruísmo e amor.
O colapso da Torre de Babel não foi, no entanto, o final da história, mas apenas o seu princípio. A força do amor, que Abraão tinha descoberto, queria intensificar o seu laço com a humanidade. Mas uma vez que o Criador é a força do amor, e nos ama tanto quanto alguém pode amar outra pessoa, só o enfortecer desse laço pode vir de nós. Por esse motivo, esta força, o Criador, não para de aumentar o nosso egoísmo, para que nos possamos elevar a ele fortalecendo os nossos laços com Ele.
Para os que desejam permanecer egoístas, o expandir do egoísmo significa uma maior alienação. Como resultado, as pessoas que em tempos estiveram unidas dividiram-se em nações diferentes e inventaram tecnologias diferentes com as quais puderam criar novas armas. Usaram estas armas para proteger o que elas pensavam que era a sua liberdade, mas que na realidade era o crescimento de concentração no ego e alienação do Criador e de cada uma delas.
Sem se aperceberem, tornaram-se crescentemente subjugados ao seu egoísmo enquanto erroneamente pensavam que estariam a defender-se dos que os queriam magoar. O seu egoísmo fê-los esquecer que em tempos eram unidos, que não precisavam de armas, pois não tinham egoísmo que os fizesse sentir que a sua liberdade estaria em risco.
Mas os que quiseram permanecer unidos, e até aprofundar os seus laços de amor, trataram o seu egoísmo expandido como uma oportunidade para crescer. Para eles, era um desafio bem-vindo, em vez de um problema ou crise.
Mas para lidar com o seu enorme egoísmo precisavam de aperfeiçoar o método de Abraão. Esta foi deixa de Moisés.
Tal como com os Babilónios e o seu rei, Nimrod, ultrapassando um novo nível de egoísmo--desta vez representado pelos egípcios e o seu rei, o Faraó--ou seja escapar dele. Faraó não era apenas um rei mau. Ele na realidade trouxe Israel (os que querem o Criador) próxima ao Criador. Na Kabbalah, Faraó é a epitome do egoísmo e a única forma de lhe escapar é a da união (com cada um de nós e o Criador). Tal como vimos anteriormente, a união torna-nos próximos (mais similares) ao Criador. Para derrotar o Faraó, Moisés voltou ao Egipto, depois da sua fuga, uniu as pessoas com a mesma ideia que Abraão promoveu muitos anos antes, e novamente ajudando o seu povo a escapar.
Mas desta vez, Israel derrotou um ego muito mais poderoso. Faraó não era como Nimrod, Rei de Babel; ele não poderia ser derrotado por um homem determinado. Derrotar o Faraó requisitava uma nação inteira, una. E porque Moisés precisava de ensinar o método de Abraão a uma nação inteira, ele escreveu um novo livro, uma adaptação dos ensinamentos de Abraão para uma nação inteira: A Torá (Pentateuco).
Mas o Criador, sendo a força do amor e generosidade, queria dar a mais que uma única nação. Ele queria dr ao mundo inteiro a conhecer que só existia uma única força e que eles aceitassem esse presente. Ele queria dar à humanidade--Ele próprio.
Então enquanto a Torá de Moisés foi um grande passo em frente, uma vez que ajudou uma nação inteira a conectar-se ao Criador, ela não foi o fim da estrada. O fim da estrada viria apenas quando todo o mundo estivesse em contacto com Ele, experimentando o laço de amor e união que os Babilónios tiveram, antes da primeira explosão de egoísmo. Colocando-o de forma diferente, o fim da estrada chegará quando toda a humanidade reclamar o que já teve em tempos e depois perdeu.
IN Kabbalah for Begginers, CHAPTER 1: Kabbalah Chronicles - Stage One, Michael Laitman PhD
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